Quando falamos em “espécies pré-históricas que ainda existem”, é importante ter cuidado para não cair em uma armadilha de linguagem. Nenhum animal ou planta atual é exatamente o mesmo que viveu na pré-história. O que temos hoje são descendentes de linhagens muito antigas, que sobreviveram por milhões de anos graças à adaptação e à seleção natural.
Esses seres muitas vezes recebem o apelido de “fósseis vivos”, mas até esse termo pode ser enganoso, já que continuam evoluindo, mesmo que sua aparência lembre a de fósseis do passado.
Neste artigo, destacamos oito espécies que sobreviveram ao tempo e ainda existem atualmente.
8 espécies pré-históricas que resistiram ao tempo
Coelacanto

A linhagem pré-histórica
Os celacantos surgiram há mais de 360 milhões de anos e eram abundantes nos mares do período Devoniano. Seus fósseis mostram que eles coexistiram com dinossauros e outras formas de vida extintas.
O descendente moderno
Acreditava-se que tinham desaparecido no fim do Cretáceo, há 66 milhões de anos. Mas, em 1938, um pescador na África do Sul capturou um exemplar vivo, surpreendendo a ciência. Hoje, sabemos que eles continuam existindo em águas profundas, descendentes diretos da linhagem antiga – mas não são os mesmos peixes do passado.
Nautilus

A linhagem pré-histórica
Durante o Paleozoico, os nautiloides dominaram os oceanos com centenas de espécies. Suas conchas em espiral são comuns no registro fóssil.
O descendente moderno
O nautilus atual (família Nautilidae) é o último representante desse grupo outrora imponente. Sua morfologia pouco mudou em centenas de milhões de anos, mas cada indivíduo vivo hoje é fruto de uma longa sequência de adaptações.
Tuatara

A linhagem pré-histórica
A ordem Sphenodontia, à qual pertence o tuatara, floresceu há cerca de 200 milhões de anos. Esses répteis ocuparam diversos nichos durante a era dos dinossauros.
O descendente moderno
Hoje, apenas o tuatara sobrevive, restrito a ilhas da Nova Zelândia. Ele parece um lagarto, mas pertence a uma linhagem totalmente distinta, preservada graças ao isolamento geográfico.
Caranguejo-ferradura

A linhagem pré-histórica
Com origem no período Ordoviciano, há cerca de 450 milhões de anos, o grupo dos caranguejos-ferradura sobreviveu a múltiplas extinções em massa.
O descendente moderno
Apesar do nome, eles não são crustáceos, mas sim parentes distantes de escorpiões e aranhas. Sua carapaça em forma de ferradura praticamente não mudou desde os tempos antigos, embora geneticamente continuem evoluindo.
Esturjão

A linhagem pré-histórica
Os fósseis de esturjões datam do Jurássico Inferior, cerca de 200 milhões de anos atrás.
O descendente moderno
Os atuais esturjões ainda exibem placas ósseas que lembram uma armadura e um focinho alongado. Além de sua importância ecológica, são famosos pela produção de caviar.
Leia mais:
Baratas

A linhagem pré-histórica
Insetos semelhantes às baratas já existiam há mais de 300 milhões de anos, no período Carbonífero.
O descendente moderno
As baratas atuais, com cerca de 4.600 espécies, mantêm corpo achatado e grande resistência ambiental. Mudaram pouco em comparação a seus ancestrais, mas seguem evoluindo para resistir a condições extremas.
Lampreia

Crédito: Tiit Hunt, via Wikimedia Commons.
A linhagem pré-histórica
As lampreias pertencem a um grupo de vertebrados sem mandíbulas, com fósseis semelhantes datando de mais de 360 milhões de anos.
O descendente moderno
Com corpo alongado e boca em ventosa cheia de dentes, elas lembram criaturas de filmes de terror. São descendentes dessa linhagem arcaica, servindo como modelo vivo para estudar a origem dos vertebrados.
Cavalo-Marinho e Dragões-Marinhos

A ancestralidade pré-histórica
Pertencem à família Syngnathidae, cujo registro fóssil data de pelo menos 23 milhões de anos. Sua forma corporal única é uma adaptação antiga.
O descendente moderno
São os representantes mais diferentes e belos dessa família. Sua postura vertical, focinho tubular e a gestação masculina são características que os distinguem dramaticamente de outros peixes, dando-lhes uma aura de “congelados no tempo”.
Mas, afinal, nós também não somos pré-históricos?

De certa forma, sim. Todos os seres vivos carregam em si a marca de ancestrais pré-históricos. A espécie humana,o Homo sapiens, surgiu há cerca de 200 mil anos, como parte de uma linhagem que inclui primatas e mamíferos muito antigos.
No entanto, assim como as espécies citadas, não somos os mesmos indivíduos da pré-história. Somos o resultado de milhares de gerações de mudanças genéticas, adaptações culturais e biológicas.
Portanto, quando chamamos certas espécies de “pré-históricas”, estamos, na verdade, nos referindo à antiguidade de sua linhagem, e não à ideia de que permaneceram imóveis no tempo.
Descubra mais sobre Euclides Diário
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.