A nova ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, localizada na BR-226, que liga os estados do Tocantins e do Maranhão, será inaugurada na próxima segunda-feira (22).
A nova estrutura surge um ano após o desabamento de parte da antiga ponte, ocorrido em 22 de dezembro de 2024, que resultou na morte de 14 pessoas e deixou três desaparecidos, conforme informações da Marinha do Brasil.
O incidente causou um grande caos logístico na região.
Com a ponte entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA) fora de operação, a travessia do rio Tocantins foi realizada por meio de balsas ao longo do último ano.
Essa operação emergencial, embora tenha reconectado as cidades, gerou longas filas para os motoristas.
O empresário Tiago Wendler, proprietário de uma empresa de peças e acessórios para caminhões em Estreito, relatou que caminhões enfrentaram filas de até 16 horas.
Ele destacou que fornecedores da região Sul deixaram de enviar mercadorias para o município maranhense. Para contornar a situação, Tiago abriu uma filial de sua empresa em Araguaína (TO).
"A gente buscou financiamento, capital de giro, para não quebrar, porque a situação está sendo bem tensa", afirmou.
Ele acrescentou que, apesar de não ter registrado lucro neste ano e ter enfrentado prejuízos mensais, manteve todos os colaboradores e está otimista com a nova ponte.
Em setembro, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que o fluxo médio diário nas balsas emergenciais era de aproximadamente 950 motocicletas, 1.150 carros e 350 caminhões.
O Ministério dos Transportes confirmou na sexta-feira (19) que o ministro Renan Filho participará da entrega da nova travessia, que é chamada pelo governo de nova ponte JK.
Com 630 metros de extensão, a nova ponte possui duas faixas de rolamento, acostamento, barreiras de proteção e passagem para pedestres. O governo federal investiu cerca de R$ 172 milhões na obra, que foi executada pelo Dnit.
Em 12 de dezembro, o departamento anunciou que o projeto estava 95% concluído. A estrutura remanescente da antiga ponte foi implodida em fevereiro.
A advogada Melissa Fachinello, assessora jurídica da Acisape, associação comercial de Estreito, afirmou que a população sofreu muito com as dificuldades logísticas.
Muitas empresas fecharam ou mudaram suas operações para outros municípios.
"Só não me mudei porque sou muito otimista e porque a gente ainda consegue se manter, mas muitas empresas estão hoje no vermelho", disse.
O prefeito de Estreito, Leo Cunha (PL), destacou que o impacto econômico foi severo logo após a queda da ponte, especialmente porque o comércio estava preparado para o Natal de 2024.
"Todo mundo estava estruturado para vender bastante, e na hora não aconteceu. Então, muita gente foi abalada", afirmou. Ele espera uma recuperação a partir do Natal de 2025, acreditando que a integração entre os municípios será restabelecida.
A população de Estreito é estimada em 34,3 mil habitantes, segundo o IBGE, enquanto Aguiarnópolis possui cerca de 4.502 pessoas. A Folha de S.Paulo questionou a prefeitura de Aguiarnópolis sobre os impactos da queda da ponte, mas não obteve resposta.
Em julho, uma perícia da Polícia Federal identificou que a possível causa do desabamento foi a sobrecarga da antiga estrutura. O laudo indicou que o tráfego de veículos superou as previsões, tanto em quantidade quanto em porte.
A PF também apontou que a ponte pode ter perdido resistência devido à degradação do concreto, agravada pela falta de manutenção.
Os técnicos observaram que, na inauguração da antiga travessia, um caminhão típico pesava cerca de 20 toneladas, enquanto hoje é comum encontrar composições que atingem 70 toneladas.
A conclusão foi de que o acúmulo de veículos na via, antes da queda, contribuiu para a ruptura da estrutura.
A PF afirmou que a ponte pode ter perdido a resistência de sua estrutura, com a degradação do concreto por processos químico-físicos, cenário que pode ter sido agravado pela falta de manutenção.
Os técnicos também destacaram que, na inauguração da antiga travessia, um caminhão típico pesava cerca de 20 toneladas e que hoje são comuns composições que atingem 70 toneladas.
Eles concluíram que o acúmulo de veículos na via, nos momentos que antecederam a queda, quando a estrutura já dava sinais de rápida aceleração de seu comprometimento, pode ter contribuído para a ruptura.
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