Há cerca de 25 anos, cálculos astronômicos revelaram uma estrela mais velha que o Universo. Chamada de Matusalém, uma referência ao personagem bíblico que viveu 969 anos, esse astro levantou debates acalorados e intrigou a comunidade científica por mais de uma década.
Na época, pesquisadores utilizaram observações do satélite Hipparcos, da Agência Espacial Europeia (ESA), para estimar a idade dessa estrela. As medições revelaram incríveis 16 bilhões de anos.
Esse resultado contraria décadas de teorias sobre o cosmos, que, segundo as mais refinadas estimativas, tem cerca de 13,8 bilhões de anos. Refutar esse consenso não é tarefa fácil, mas a possibilidade de um astro mais antigo existir abalou os astrônomos.

Localizada a 200 anos-luz da Terra, a Matusalém, cujo nome técnico é HD 140283, está na constelação de Libra. Acredita-se que ela seja uma estrela subgigante, entre 5 e 10 vezes o tamanho do Sol, de alta velocidade. Também é uma das mais pobres em metais próximas ao Sistema Solar, um indício de que teria nascido quando os elementos pesados ainda não haviam se espalhado pelo Universo.
Segundo a NASA, a elevada taxa de movimento indica que ela é uma visitante na vizinhança estelar da Terra. Eventualmente ela retornará ao halo da Via Láctea: a região esférica ao redor de nossa galáxia.
Após uma década, nova estimativa questionou a “estrela mais velha que o Universo”
Em 2013, um grupo de pesquisadores estimou uma nova idade para Matusalém: 14,5 bilhões de anos. “Talvez a cosmologia esteja errada, a física estelar esteja incerta, ou a distância da estrela esteja equivocada. Então, nos propusemos a refinar a distância”, disse Howard Bond, líder do estudo e astrônomo na Universidade Estadual da Pensilvânia, em um comunicado da época.
Com o Telescópio Espacial Hubble, a equipe aprimorou as medições da distância até a estrela. Essa foi uma decisão fundamental para se descobrir a idade do astro.
Os cálculos revelaram que HD 140283 está a 190,1 anos-luz da Terra, menos que o resultado anterior. Os pesquisadores também descobriram que a proporção de oxigênio para ferro em seu interior é maior do que o previsto. Com isso, estrela passou a se encaixar melhor nos modelos atuais de formação do Universo.

“Junte todos esses ingredientes e você terá uma idade de 14,5 bilhões de anos, com uma incerteza [de cerca de 0,8 bilhões de anos] que torna a idade da estrela compatível com a história do cosmos”, disse Bond.
No passar dos anos, novas estimativas surgiram. Em 2015, cálculos de uma equipe da NASA colocaram Matusalém entre 13,7 e 12,2 bilhões de anos. Uma pesquisa de 2021 sugeriu de 11,5 a 12,5 bilhões de anos.
Embora astrônomos tenham provado que essa estrela não quebra a idade do Universo, ela permanece como a mais velha já encontrada. Medidas futuras podem revelar novas candidatas, ou mostrar que Matusalém é, na verdade, mais nova do que esperávamos.
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