Pesquisa revela que os efeitos na saúde reprodutiva foram identificados mesmo quando os alimentos não foram consumidos em excesso

Alimentos ultraprocessados contêm substâncias sintéticas, como corantes, aromatizantes e conservantes, e geralmente são ricos em açúcares, gorduras e sódio, mas pobres em nutrientes. Refrigerantes, salgadinhos, bolachas recheadas e refeições congeladas são exemplos destes produtos.
Diversas pesquisas já demonstraram que o consumo aumenta as chances de obesidade, diabetes, doenças cardíacas e até mesmo acelera o declínio cognitivo. Mas um novo trabalho agora revelou efeitos prejudiciais na saúde reprodutiva, mesmo quando eles não são consumidos em excesso.

Aumento da gordura corporal e reações hormonais
- O estudo inédito foi realizado por cientistas da Universidade de Copenhague, na Dinamarca.
- Ele revelou que homens entre 20 e 35 anos que seguiram uma dieta rica em alimentos ultraprocessados ganharam, em média, um quilo a mais de gordura corporal e tiveram alterações hormonais.
- Os efeitos foram identificados mesmo quando eles ingeriam a mesma quantidade de calorias que em uma dieta à base de alimentos minimamente processados.
- Durante o experimento, cada voluntário passou três semanas em uma dieta de ultraprocessados e outras três em uma dieta com alimentos in natura, com intervalo de três meses entre as fases.
- As duas dietas tinham a mesma composição de calorias, proteínas, carboidratos e gorduras.
- Em parte do grupo, os cientistas acrescentaram 500 calorias extras por dia, enquanto na outra, a quantidade foi ajustada ao perfil de cada participante.
- As descobertas foram descritas em estudo publicado na revista Cell Metabolism.
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Efeitos na saúde reprodutiva
Ainda segundo os pesquisadores, foi observado um aumento do nível do composto cxMINP, um tipo de ftalato associado à desregulação hormonal. Estas substâncias pertencem a um grupo de poluentes chamados disruptores endócrinos, uma vez que conseguem interferir no funcionamento dos hormônios humanos.
No estudo, os homens que consumiram a dieta ultraprocessada apresentaram níveis significativamente maiores de cxMINP na urina. Esse aumento, que pode bloquear a ação hormonal, afetando processos como crescimento, metabolismo e reprodução, foi acompanhado de uma queda na testosterona e no hormônio folículo-estimulante (FSH), ambos essenciais para a produção de espermatozoides.

A conclusão do trabalho é que os danos causados pelos ultraprocessados não se limitam ao excesso de calorias. O próprio processo industrial de fabricação dos alimentos, que inclui aditivos, embalagens plásticas e transformações químicas, pode ter impacto negativo na nossa saúde.

Colaboração para o Olhar Digital
Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.
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