A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) aprovou nesta sexta-feira (5) a incorporação da prostatectomia radical assistida por robô ao Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde. Será a primeira cirurgia robótica com cobertura obrigatória pelos planos de saúde do país.
O procedimento –que consiste na remoção completa da próstata e é o principal tratamento para o câncer localizado ou localmente avançado– estará disponível a partir de abril de 2026. No SUS (Sistema Único de Saúde), a tecnologia está aprovada desde agosto deste ano.
Segundo o presidente da ANS, Wadih Damous, a medida representa um passo importante na modernização da saúde suplementar, ampliando o acesso a tecnologias que oferecem melhores resultados clínicos e mais qualidade de vida aos pacientes.
A diretora de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS, Lenise Secchin, ressalta que a efetividade da medida depende de uma implementação estruturada com segurança, qualidade assistencial e condições adequadas de oferta aos beneficiários.
A prostatectomia robótica é o método cirúrgico mais avançado para o tratamento do câncer de próstata. A tecnologia permite maior precisão durante o procedimento, reduz sangramentos, diminui o tempo de internação e melhora os resultados funcionais em comparação com as técnicas tradicionais.
A recomendação positiva da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias) no SUS considerou avanços nas evidências científicas e a existência de infraestrutura já instalada na rede pública, que conta com 40 plataformas robóticas em operação. Pela lei, quando aprovada pelo SUS, a ANS deve incluir também nos procedimentos obrigatórios pelos plano de saúde.
A adoção da tecnologia ainda enfrenta o desafio da interiorização desse procedimento, já que os equipamentos estão concentrados hoje nas regiões Sul e Sudeste. A inclusão ao rol deve ampliar os investimentos da saúde privada na expansão da capacidade instalada no país.
A cirurgia robótica para o tratamento do câncer de próstata foi aprovada pelo FDA nos Estados Unidos e por órgãos reguladores na Europa entre 2003 e 2004. No Brasil, o primeiro sistema robótico foi aprovado pela Anvisa em 2008 e começou a ser utilizado em hospitais privados.
Maioria dos pacientes tem mais de 60 anos
O câncer de próstata é o segundo tumor mais frequente em homens –fica atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Até o final de 2025, a estimativa é de que mais de 71,7 mil brasileiros sejam diagnosticados com a doença, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer).
O avanço da idade permanece como o principal fator de risco, e a maior parte dos casos ocorre após os 60 anos, faixa etária em que a atenção à saúde costuma diminuir por barreiras culturais, falta de informação ou dificuldade de acesso ao sistema de saúde.
De acordo com especialistas, o desafio é combinar conscientização, redução de estigmas e ampliação do acesso aos exames de rotina.
Campanhas públicas e iniciativas de rastreamento têm avançado, mas ainda esbarram na dificuldade de atingir segmentos da população masculina mais vulneráveis.
A expectativa é de que, com diagnóstico cada vez mais precoce e maior adesão aos cuidados preventivos, o país consiga reduzir de forma consistente a mortalidade associada à doença nos próximos anos.
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