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Arraiá de Milhões, Estrutura de Troco

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Com a consciência limpa e a palavra firme, iniciamos mais uma reflexão. E nesta semana, o tema não poderia ser outro do que o nosso Arraiá do Cumbe. O São João é tempo de festa, reencontros e muito forró (pra mim, a melhor época do ano). A cidade se enche de gente, de som e de alegria. Mas, por trás de toda essa animação, há coisas que não dá pra fingir que não existem. Teve música, teve emoção, teve o povo na rua, mas também teve desorganização, privilégios e gastos que não combinam com a realidade da estrutura que foi entregue.

Vamos começar pelo básico ou pela falta dele. A ausência de banheiros químicos no percurso da Alvorada e dos Nativus do Cumbe expôs uma realidade constrangedora. Com a cidade tomada por uma multidão desde as primeiras horas, muita gente precisou correr para os becos, em busca de um cantinho improvisado. Agora imagine a situação para as mulheres. O cenário virou um grande improviso sanitário a céu aberto, e o resultado não poderia ser outro do que ruas marcadas pelo mau cheiro e um rastro de urina como lembrança nada festiva. Mas, para alguns, o que importa mesmo é o drone filmando lá de cima, fingindo que tá tudo lindo.

Os artistas da terra seguem sendo escanteados, como se a cultura local fosse só um detalhe opcional e, olha que talento local não falta, o que falta mesmo é vontade política de valorizar a cultura da casa. Ao contrário os nomes de fora são tratados como atração de outro planeta e, não para por aí, até a escolha dos bares que receberam o paredão de som pareceu ter seu carimbo seletivo, onde só os parceiros da turma foram privilegiados.

Já a ornamentação, bom, foi aquela velha conhecida. As mesmas bandeirolas, os mesmos arranjos, parecia mais um reaproveitamento (será possível?) de anos passados do que uma decoração pensada com carinho e criatividade para a edição atual. A única coisa que realmente subiu, além dos balões, foram os valores dos contratos, que continuam inflando ano após ano, sem que o povo veja diferença na entrega.

E como se já não bastasse, apareceu até o nome de uma casa de apostas como apoio oficial, mesmo sem publicação de valor ou qualquer formalização. Bom, se é apoio, que seja com transparência, pois do jeito que foi, parece mais jogo viciado.

Pessoal eu queria me desculpar pela demora do meu texto esta semana, más também não sou de ferro. Estava ali, dançando o meu forrozinho com minha casca de bala, tentando manter viva a esperança de que, no próximo ano, a gente veja mudanças importantes no nosso Arraiá do Cumbe e que ele volte a ser do povo, com respeito, estrutura e cultura de verdade.

Por esta semana ficamos por aqui. Mas quero saber sua opinião sobre este assunto. Concorda? Discorda? Tem algo a acrescentar? Vamos continuar esta conversa no meu Instagram @rubenilson_campos_

RUBENILSON CAMPOS


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