Até Onde Vai a Influência da Fé na Política?

Com a consciência limpa e a palavra firme, iniciamos mais uma reflexão. E esta semana vamos debater um tema polêmico, que é sobre o impacto dos pedidos de votos por líderes religiosos, pois quando um Padre ou Pastor usa seu espaço religioso para pedir votos abertamente, cria-se um cenário perigoso de manipulação emocional e desvio de valores fundamentais. A política e a religião, embora ambas relevantes para a sociedade, possuem missões distintas, pois enquanto a política deve guiar-se pela razão e pelo interesse público, a religião deveria ter como base a fé, o conforto espiritual e o respeito às escolhas individuais.

É evidente que, como cidadãos, Padres e Pastores também têm o direito de votar e de ter uma opinião política. Mas há uma linha muito tênue entre a liberdade de opinião e o uso de seu poder espiritual para induzir escolhas alheias. Em vez de apresentar argumentos racionais sobre planos e propostas, eles apelam ao emocional, à fé e ao temor, influenciando uma massa que muitas vezes os enxerga como intermediários da vontade divina. Quando o fiel vê seu guia espiritual apoiando um candidato, é como se isso lhe garantisse que aquele é o “caminho certo”, o escolhido por Deus.

Naturalmente, a relação entre política e religião também pode servir de voz aos mais marginalizados e de consciência social. Não podemos ignorar que, em momentos da história, foram líderes religiosos que levantaram a voz contra a injustiça e mobilizaram seus seguidores para buscar um mundo melhor. Porém, o problema começa quando essa voz espiritual transforma-se em palanque eleitoral, contaminando a pureza do chamado religioso com as sujeiras da disputa partidária.

Além disso, o envolvimento direto entre religião e política pode levar ao descrédito das próprias instituições religiosas. Quando os interesses partidários se sobrepõem à neutralidade, há um risco de que os fiéis passem a ver seus líderes como figuras políticas e não mais como orientadores espirituais, perdendo-se o respeito pela instituição que, em tese, deveria representar os valores mais nobres da fé.

Em resumo, quando líderes religiosos pedem votos, abrem portas para a manipulação da fé em prol do poder e enfraquecem tanto a religião quanto a democracia. Afinal, a verdadeira liberdade está no direito de decidir sem influências que explorem nossas crenças mais profundas. Por esta semana ficamos por aqui e que essas palavras ecoem para quem ainda tem esperança em algo melhor.

Autor: Rubenilson Silva Campos (@rubenilson_campos_)
Advogado, servidor público estadual e atual vice-prefeito de Euclides da Cunha

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