O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) 20 de setembro de 2025 | 08:35
Bolsonarismo vive desalento pós-condenação, fica sem reação das ruas e insiste em anistia
Aliados e apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) vivem um clima de desalento após a condenação do ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão. O veredito já era esperado, mas ainda assim não houve pulsão para mobilizar apoiadores para as ruas.
A aposta única agora é insistir num acordo no Congresso que viabilize a anistia ao líder político e aos condenados nos ataques golpistas de 8 de janeiro. Há um texto em discussão, mas muito aquém do que eles esperavam, prevendo apenas redução das penas.
Aliados atribuem a ausência de reação nas ruas à falta de clima diante do estado do ex-presidente, tanto clínico quanto psicológico. Eles mencionam a dificuldade de chamar atos tão próximos e dizem que o de 7 de Setembro, que ocorreu durante o julgamento, já cumpriu a missão de defender Bolsonaro.
Eles também colocam a culpa da desmobilização em Alexandre de Moraes, do STF. Uma das análises dos bolsonaristas dá conta de que apoiadores estariam com medo de se manifestar, com os avanços das investigações e condenações na corte.
Outra diz que Bolsonaro foi preso a conta-gotas, o que dificultaria mobilizações. O ex-presidente foi alvo de medidas cautelares dia 18 de julho, quando foi impedido de dar entrevistas e colocou uma tornozeleira eletrônica. Em 4 de agosto, foi decretada a prisão domiciliar.
A linha do tempo é usada como justificativa, sobretudo se comparada a 2018, quando Lula (PT) fez de sua prisão um ato político em São Bernardo do Campo. À época, o petista foi condenado no caso do tríplex em Guarujá e do sítio de Atibaia, sob acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.
Antes de ser detido, ficou alojado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, e se entregou após dois dias. No local, discursou e se entregou à Polícia Federal em meio a militantes, que protestavam.
Já bolsonaristas se reuniram em uma vigília em frente ao condomínio do ex-presidente, que ocorreu na noite em que Bolsonaro foi condenado a quase três décadas de prisão.
Os religiosos e aliados do ex-presidente reforçaram o discurso de perseguição, pediram orações e esperança à plateia de poucos fieis que acompanhava o carro de som. Todos os dias eles têm se reunido no mesmo local.
Naquela fatídica quinta-feira, havia cerca de 40 apoiadores apenas, a mesma quantidade de outros dias. O caminhão carrega uma faixa que pede a volta de Bolsonaro e, em frente, há uma réplica de papelão do ex-presidente, em tamanho real. Os bolsonaristas se reúnem no local, com camisetas da seleção brasileira ou envoltos na bandeira do Brasil ou de Israel.
“Começa a vir a dúvida, começa a ter preocupação. E agora, Jesus, quem Bolsonaro vai indicar [à Presidência]? Sabem qual a resposta?”, questionou Eduardo Torres, irmão de Michelle Bolsonaro, em cima do carro de som.
Os apoiadores gritavam “Bolsonaro”. “E se tudo der errado, quem é candidato?”, a que respondiam mais uma vez o nome do ex-presidente em coro.
“O candidato será Jair Messias Bolsonaro. O milagre nem começou, mas viveremos esse milagre”, concluiu Torres.
À espera de um milagre ou de anistia, o ex-presidente segue em prisão domiciliar, ainda sem expectativa de ver na televisão outro ato de apoiadores. Seus aliados, que torcem para que o STF não determine prisão em presídio ou carceragem da PF, falam na possibilidade de atos espontâneos, caso isso se efetive.
Não há nada programado e aliados dão conta de que os recursos se esgotarão em novembro.
Marianna Holanda, Folhapress
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