Plenário da Câmara dos Deputados 18 de setembro de 2025 | 19:21
Bolsonaristas veem relator com desconfiança e querem anistia ampla a condenados em votação
Deputados favoráveis a uma ampla anistia aos condenados por atos golpistas, majoritariamente bolsonaristas e do PL, falam em negociar com o relator do projeto, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), e querem levar ao plenário um texto que garanta o perdão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O grupo rejeita a redução de penas proposta pelo centrão.
Nesta quinta-feira (18), Paulinho disse que seu texto não vai tratar de anistia, mas sim de redução de penas. Também afirmou que vai buscar uma solução meio-termo, que seja pactuada com o Senado e o STF (Supremo Tribunal Federal). O deputado tem boa relação com os ministros da corte, especialmente Alexandre de Moraes.
Parlamentares bolsonaristas viram com desconfiança a escolha de alguém próximo a Moraes, com histórico de apoio a Lula (PT) e atuação sindical, mas dizem acreditar ser possível dialogar com Paulinho. Eles preferiam um nome alinhado a Bolsonaro na relatoria, mas já estava definido que o relator seria do centrão.
Os bolsonaristas falam em convencer o relator de que é importante anistiar todos os condenados por crimes contra o Estado democrático de Direito, inclusive Bolsonaro. Se isso não for possível, a ideia é apresentar destaques ou emendas ao texto e tentar, por meio da votação no plenário, obter maioria para a anistia ampla.
A votação expressiva de 311 deputados para aprovação da tramitação de urgência do projeto de anistia, nesta quarta (17), animou os deputados do PL. Para a aprovação do projeto, é necessário apenas maioria simples.
Pelas redes sociais, o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que, agora com o relator nomeado, é hora de “dialogar pelo mérito” do projeto. “Em nenhum momento houve discussão do mérito do texto que será votado. Garanto a todos que o PL lutará até o fim para anistiar todos injustiçados pelo STF”, publicou.
Os bolsonaristas têm evitado criticar Paulinho publicamente, apesar dos receios em relação à sua atuação. O deputado já chamou os envolvidos nos atos do 8 de Janeiro de “terroristas”. Desde então, porém, Paulinho rompeu com o governo e vem fazendo críticas duras ao petista.
Também pelas redes sociais, Sóstenes saiu em defesa do deputado do Solidariedade, dando o tom para os correligionários. O líder publicou que o parlamentar é um “ferrenho crítico” do governo Lula. “Tenho plena confiança que a partir de agora vamos começar os diálogos e fazer justiça”, escreveu.
Líder do partido Novo, o deputado Marcel Van Hattem (RS), disse à reportagem ser a favor de uma “anistia total”. Segundo ele, as falas de Paulinho mostram que talvez ele esteja “mais distante dos acontecimentos” do que deputados da direita em relação aos condenados por golpismo.
“A gente precisa conversar com o relator, apresentar todos os dados. Tenho certeza de que ele vai se convencer, vai mudar de opinião e vai chegar mais próximo, se não junto, com a nossa opinião”, disse.
Se isso não acontecer, afirma Van Hattem, haverá “condição de, no plenário, fazer emendas ou destaques de trechos com os quais nós não concordamos”.
Questionado a respeito de Bolsonaro, o líder do Novo diz que a Câmara deve se antecipar e anistiar o ex-presidente, já que possíveis candidatos à Presidência, como Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zama (Novo), já declararam que darão indulto a ele se assumirem o cargo.
“A Câmara pode pode tirar esse tema do debate presidencial do ano que vem, pacificar as relações e dizer: o [ex-]presidente já está anistiado”.
Leia também: Paulinho da Força diz que anistia ampla é impossível e que solução não agradará extremos
Carolina Linhares/Folhapress
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