Bolsonaro alega inocência em meio a novos detalhes de inquérito

Bolsonaro alega inocência em meio a novos detalhes de inquérito

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou qualquer envolvimento na trama do golpe de Estado ou participação no plano de assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A declaração ocorre em meio à divulgação de áudios que revelam discussões sobre possível golpe de Estado após as eleições de 2022 e à deflagração da Operação Contragolpe, que resultou na prisão de militares e de um policial federal envolvidos na suposta conspiração para matar líderes políticos.

“Da minha parte, nunca houve discussão de golpe. Se alguém viesse discutir golpe comigo, eu ia falar, ‘tá, tudo bem, e o after day? E o dia seguinte, como é que fica? Como é que fica o mundo perante nós?”, defendeu-se o ex-presidente ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Brasília, nessa segunda-feira (25/11). “Agora, todas as medidas possíveis dentro das quatro linhas, dentro da Constituição, eu estudei”, complementou Bolsonaro.

“Eu posso ser preso ao sair daqui [do aeroporto]”, pontuou o ex-presidente.

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Ele ainda afirmou que não houve avanços nos supostos planos e defendeu sua atuação. “No meu entender, nada foi iniciado. Não podemos começar agora a querer punir o crime de opinião, ou o crime de pensamento.”

Áudios

Apesar da negativa de Bolsonaro, áudios obtidos pela Polícia Federal (PF) trazem novos elementos para as investigações. As gravações incluem conversas do general Mário Fernandes, ex-assessor do governo Bolsonaro, que teria manifestado frustração com a demora do então presidente e das Forças Armadas em agir contra o resultado das eleições de 2022.

“O presidente tem de decidir e assinar esta merda, porra!”, reclamou Fernandes em mensagem enviada ao coronel reformado Reginaldo Vieira de Abreu, no fim de 2022.

Na conversa, ele defendeu que Bolsonaro tinha meios legais para questionar o resultado do pleito. “Ele pode a qualquer momento impugnar essa porra e nos dar um pouco mais de tempo pra analisar tudo isso aí que vem sendo levantado e denunciado.”

Fernandes mencionou o artigo 222 do Código Eleitoral, que trata da possibilidade de anular uma votação em caso de fraude ou coação. “A estratégia do presidente foi a melhor. Ele não declarou abertamente, mas, com o artigo 222, ele poderia anular essa eleição.”

O general também citou dissidências dentro das Forças Armadas, mas minimizou o impacto: “Tem os dissidentes, tem os filhas da puta lá? Tem, já está comprovado. Mas sabemos que é um colegiado, cara. Cinco caras não iam interferir tanto assim”.

Ouça os áudios:

 

 

Operação Contragolpe

Na última terça-feira (19/11), a Polícia Federal deflagrou a Operação Contragolpe, com o objetivo de desarticular organização criminosa que planejava impedir a posse de Lula. Entre os alvos da operação, estavam militares da ativa e da reserva, além de um policial federal.

De acordo com a PF, o grupo chegou a elaborar um planejamento denominado Punhal Verde e Amarelo, que incluía a prisão e o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes. Segundo as apurações, o objetivo seria facilitar a manutenção de Bolsonaro no poder mesmo após a derrota eleitoral.

Foram presos:

  • Coronel Hélio Ferreira Lima, ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus;
  • General Mário Fernandes, ex-ministro interino e ex-assessor do deputado Eduardo Pazuello;
  • Rafael Martins de Oliveira, major das Forças Especiais do Exército;
  • Major Rodrigo Bezerra de Azevedo;
  • Wladimir Matos Soares, policial federal.

A PF afirma que os presos desempenhavam papéis estratégicos na suposta conspiração, como coordenação de ações violentas, financiamento de manifestantes e articulação política.

Indiciamento de Bolsonaro e aliados

Três dias após a operação, na quinta-feira (21/11), Bolsonaro e outras 36 pessoas foram indiciadas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

O relatório da PF aponta que o grupo planejava medidas para invalidar o resultado das urnas e consolidar regime autoritário no país.

“Ninguém vai dar golpe com general da reserva e mais meia dúzia de oficiais. É um absurdo o que estão falando”, defendeu-se Bolsonaro, ao ser questionado sobre as acusações.


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