O Brasil foi sacudido nos últimos dias por uma denúncia que ganhou repercussão nacional e colocou um termo pouco debatido — mas cada vez mais presente — no centro das discussões: adultização. O episódio, protagonizado pelo influenciador Felipe Bressanim, conhecido como Felca, expôs práticas de exposição precoce de crianças e adolescentes a conteúdos e comportamentos próprios do mundo adulto, gerando uma onda de indignação e pressão por mudanças na lei.
O vídeo que iniciou a polêmica
Em 6 de agosto de 2025, Felca publicou um vídeo intitulado “Adultização”. Em poucos dias, a gravação ultrapassou 20 milhões de visualizações, mobilizando a internet. Nele, o influenciador acusa diretamente outro criador de conteúdo, Hytalo Santos, de expor menores de idade em situações com conotação sexual — como danças sensuais, roupas inadequadas para a idade, linguagem sexualizada e participação em festas com presença de bebidas alcoólicas.
Felca classificou a conduta como “criminoso” e alertou que tal conteúdo “serve de alimento para pedófilos”, ressaltando que a responsabilidade é agravada pelo uso das redes sociais para monetizar e ampliar esse tipo de material.
O que é adultização
O termo “adultização” refere-se ao processo de empurrar crianças e adolescentes para comportamentos, responsabilidades e experiências que deveriam ocorrer apenas na vida adulta. Isso pode ocorrer:
Por meio de redes sociais e mídia, com incentivo a roupas, poses e discursos sexualizados.
Na cultura familiar, quando há pressão para que menores ajam como “pequenos adultos”.
No entretenimento, pela exposição precoce a temas e ambientes inadequados para a idade.
Especialistas alertam que a adultização pode causar ansiedade, depressão, distorção da autoimagem e perda da vivência saudável da infância, além de aumentar a vulnerabilidade a abusos.
Repercussão e consequências
Após a denúncia, perfis de Hytalo Santos e de “Kamylinha” — menor que aparecia em seus vídeos — foram derrubados pelo Instagram. O Ministério Público da Paraíba abriu investigação por possível exploração sexual e psicológica de menores nas redes sociais.
A repercussão também chegou ao Congresso Nacional, onde ao menos sete projetos de lei foram apresentados para criminalizar a adultização infantil e reforçar a responsabilização das plataformas digitais. Algumas dessas propostas já vêm sendo apelidadas de “Lei Felca”.
A ministra dos Direitos Humanos declarou que, além de endurecer penas, é preciso regulamentar a atuação de algoritmos que favorecem a disseminação e monetização de conteúdos prejudiciais a menores.
Um debate que vai além do caso
O “Caso Felca” expôs uma realidade preocupante: a exposição de crianças na internet sem critérios adequados, muitas vezes com o aval ou incentivo de adultos responsáveis, seja por busca de fama ou retorno financeiro.
Para especialistas, a solução passa por educação digital, responsabilização legal e maior rigor das plataformas. O episódio também reforça a necessidade de a sociedade repensar o consumo de conteúdos envolvendo menores, que muitas vezes são apresentados como “inofensivos”, mas carregam riscos graves.
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