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Lideranças do Centrão cobraram, nesta quinta-feira (10/7), que políticos bolsonaristas acionem interlocutores no governo de Donald Trump contra a taxação de 50% a produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos nessa quarta (9).
Durante reunião de líderes da Câmara, representantes de partidos de centro sugeriram que os colegas de oposição alertem o republicano que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) será o principal prejudicado ante a opinião pública.
Após a reunião, as lideranças do Centrão reclamaram nos bastidores e disseram que os colegas de oposição também precisam se empenhar nos esforços contra a tarifa.
A taxação foi anunciada por Donald Trump como punição ao Estado brasileiro contra o que chamou de “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro. O norte-americano considera que o aliado é alvo de perseguição, no contexto do inquérito sobre golpe de Estado que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
Como mostrou o Metrópoles, o anúncio da taxação isolou o bolsonarismo no Congresso, pois as bancadas ligadas à indústria, ao agronegócio e ao empreendedorismo não concordaram com a retaliação de Trump.
Esses grupos, geralmente ligados à direita e com tendência a fazer oposição ao PT, pediram socorro ao governo e demonstraram disposição de dialogar uma saída institucional para a crise comercial que se avizinha por causa da alta tarifação.
Uma ala da oposição admite, nos bastidores, que a taxação pode ser um tiro que saiu pela culatra para o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro. Ele está nos EUA desde fevereiro, articulando sanções do governo Trump contra o Brasil. O parlamentar tem afirmado às autoridades norte-americanas que o pai é alvo de um processo injusto e perseguição política. Após o anúncio da tarifa, ele afirmou que o entendimento da Casa Branca sobre a situação brasileira foi correta.
Enquanto isso, o governo vê uma rara oportunidade de se reaproximar politicamente dos setores produtivos da economia, principalmente os que se alinharam ao bolsonarismo nos últimos anos. A avaliação de interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é que nem mesmo o agronegócio e os grandes empreendedores aceitarão calados a taxação “surpresa”.
Os auxiliares do presidente também enxergam uma oportunidade de desgastar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como “queridinho” da Faria Lima para concorrer ao Planalto no próximo ano. Tarcísio elogiou o discurso de Trump na segunda-feira (7/7) contra as instituições brasileiras por causa do processo que tem Bolsonaro como alvo. A posição foi vista como um prenúncio de uma sanção pela Casa Branca.
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