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“Cogumelos mágicos”: maior rede de venda desarticulada pela PCDF movimentou R$ 26 milhões

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"Cogumelos mágicos": maior rede de venda desarticulada pela PCDF movimentou R$ 26 milhões
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) estima que o esquema da rede criminosa que produzia e distribuía cogumelos alucinógenos contendo psilocibina (substância proibida pela Anvisa) em larga escala faturou mais de R$ 26,5 milhões. Cerca de 150 policiais civis cumpriram 20 mandados de busca e apreensão e nove de prisões preventivas em Curitiba (PR), Joinville (SC), São Paulo, Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES) e no Distrito Federal. Dois universitários de Brasília estão entre os presos.

O esquema, revelado pelo Metrópoles, tinha o faturamento médio do cultivador principal na casa dos R$ 400 mil por mês, enquanto o distribuidor do Distrito Federal lucrava R$ 35 mil por mês.

A Operação Psicose foi deflagrada pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) e contou com apoio da Polícia Civil de diversos estados. Foram às ruas agentes de MG, PA, PR, RS, SC, SP e ES.

Com a investigação, foi possível calcular, aproximadamente, o vasto faturamento gerado pela rede de distribuição de cogumelos alucinógenos nos anos de 2024 e 2025, revelando a escala da operação ilegal.

Faturamento estimado em cálculo feito pela PCDF

 

As investigações apontaram que, entre 2024 e 2025, 3.718 encomendas foram emitidas pelo esquema investigado, totalizando aproximadamente 1.329 quilos do material objeto dessa operação. Dentre os parceiros comerciais do cultivo de Curitiba, destacam-se seis grandes distribuidores, que possuem suas próprias plataformas de vendas.

Segundo os investigadores, o esquema nacional, que chegou a movimentar até R$ 200 mil por dia, operava de forma altamente profissionalizada e tinha ramificações em diversos estados.

No primeiro semestre de 2025, a Gerência de Segurança Corporativa dos Correios, no Distrito Federal, atuando em conjunto com a Receita Federal, efetuou a identificação e interceptação de remessas ilícitas de cogumelos alucinógenos no Centro de Distribuição.

Ao examinar o material, a PCDF identificou se tratar do esquema investigado na Operação Psicose. A apreensão foi fundamental para identificar a extensão da rede de distribuição, que também utilizava os serviços postais para a comercialização dos entorpecentes em território nacional.

Estratégia de marketing

As estratégias adotadas pela organização criminosa tinham como base grandes campanhas de marketing corporativo. A identidade visual do grupo utilizada era cuidadosamente elaborada para ser atrativa ao público jovem, com cores vibrantes, símbolos estilizados e design moderno, criando uma imagem de modernidade e descontração.

O grupo investia no patrocínio de feiras e festivais de música eletrônica, ambientes que facilitavam o contato direto com potenciais consumidores e reforçavam a associação da marca com experiências de lazer e entretenimento. Influenciadores digitais e DJs eram recrutados como promotores, atuando na divulgação dos produtos ilícitos em redes sociais e eventos.

Além disso, a organização utilizava táticas comerciais avançadas, como a distribuição de cupons de desconto personalizados, direcionados a públicos específicos para fidelização de clientes. Promoções temáticas eram lançadas em datas estratégicas, como Dia dos Namorados, Natal e Independência, reforçando o engajamento e estimulando o consumo.

Operação Psicose

Dois universitários do Distrito Federal foram presos na manhã desta quinta-feira (4/9): Igor Tavares Mirailh e Lucas Tauan Fernandes Miguins.

A coluna Na Mira apurou que Igor Mirailh esteve matriculado nos cursos de museologia, artes cênicas e comunicação social da Universidade de Brasília (UnB), embora não tenha concluído nenhum deles. Já Lucas Miguins, estudante de uma universidade particular, dividia com o colega a liderança de uma célula da organização criminosa instalada na capital do país.

Veja imagens do esquema chefiado pelos universitários:

1 de 6Material cedido ao Metrópoles
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Extremamente organizados, os dois universitários do DF mantinham uma linha de produção própria, cultivando diferentes espécies de cogumelos alucinógenos. Os produtos eram vendidos por meio de uma plataforma on-line com estrutura semelhante a de grandes sites de comércio eletrônico: catálogo de variedades, fotos em alta resolução, descrições detalhadas e métodos de pagamento variados, como transferências bancárias, cartão de crédito e Pix.

Centro logístico 

O trabalho de inteligência da Cord revelou a existência de um verdadeiro centro de distribuição em Curitiba (PR). No local, a produção ocorria em escala industrial, com capacidade de abastecer a rede em nível nacional. O espaço funcionava como o coração da organização criminosa, de onde partiam remessas para diferentes estados.

As investigações também apontaram empresas de fachada em Santa Catarina e no próprio Paraná, registradas formalmente em setores como comércio de alimentos, mas utilizadas para ocultar as atividades ilegais e facilitar a lavagem de dinheiro.

Estrutura milionária

De acordo com a Cord, a rede movimentava cifras milionárias, graças a uma combinação de produção avançada, logística eficiente e marketing digital agressivo. A plataforma on-line recebia acessos de diferentes regiões do Brasil, e a facilidade de pagamento e entrega atraía cada vez mais consumidores.

“Estamos diante de um esquema criminoso altamente profissionalizado, que se aproveitava das ferramentas do comércio eletrônico para ampliar seus lucros e dificultar o rastreamento policial”, afirmou um delegado responsável pelo caso.

As investigações continuam para identificar possíveis financiadores e mapear o fluxo financeiro do grupo.

Destaques da Operação Psicose:

  • Nove prisões preventivas decretadas.
  • 20 mandados de busca e apreensão em seis estados e no DF.
  • Centro de distribuição descoberto em Curitiba (PR).
  • Universitários do DF presos por manter linha de produção própria.
  • Esquema movimentava até R$ 200 mil por dia.

Substância proibida

Os cogumelos mágicos contêm psilocibina, um composto psicodélico natural que altera a percepção sensorial e a noção de tempo e espaço, além de provocar experiências emocionais e visuais intensas, dentre outros efeitos. Em contextos de festas de música eletrônica e uso recreativo, os cogumelos são consumidos por frequentadores em busca de sensação de euforia, já que, segundo relato de usuários, os cogumelos se apresentam como alternativa natural ao LSD e MDMA.

A substância tem ação imprevisível e os efeitos podem variar conforme a dose, a sensibilidade individual e o estado emocional, indo de experiências inicialmente agradáveis a episódios de
ansiedade e paranoia, conhecidos como bad trip.

No Brasil, a psilocibina é classificada como substância proibida pela Portaria nº 344/1998 da Anvisa, tornando seu cultivo, comercialização e distribuição atividades ilegais sujeitas a sanções.

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