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Como será construído o primeiro túnel imerso do Brasil?

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Profundidade da travessia entre Santos e Guarujá será de 21 metros, com faixas para carros, VLT, pedestres e ciclistas

Obra vai reduzir tempo de deslocamento para menos de 5 minutos (Imagem: Governo de São Paulo/Divulgação)

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A travessia Santos–Guarujá, no litoral de São Paulo, vai marcar a inauguração de uma modalidade de transporte inédita no Brasil: um túnel imerso no mar. A obra terá 1,5 km de extensão, sendo 870 metros no leito do Canal do Porto de Santos. Atualmente, o trajeto é feito ao longo de 40 km de rodovias ou balsas.

Com concessão de 30 anos, o projeto será leiloado em 1º de agosto deste ano e vai beneficiar mais de 100 mil pessoas que cruzam as duas margens diariamente. O sistema terá três faixas de rolamento por sentido, incluindo uma exclusiva para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de acessos para pedestres e ciclistas.

O trecho vai ligar as regiões de Outeirinhos e Macuco, em Santos, ao bairro Vicente de Carvalho, em Guarujá. A profundidade do túnel será de 21 metros após estudos realizados pela Fipe e validados por consultorias internacionais especializadas em projetos de alta complexidade de engenharia, segundo o governo paulista.

Travessia fará ligação com sistema de transporte local em ambas as margens (Imagem: Governo de São Paulo/Divulgação)

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Como será feita a obra?

O sistema será composto por seis módulos de concreto pré-moldados em uma doca seca, que, depois, serão “mergulhados” na água para o teste de vedação e impermeabilidade. Em seguida, os módulos serão transportados por flutuação até o local onde o túnel será instalado no fundo do mar. As etapas são as seguintes, como divulgado pelo governo:

  • Preparação do solo: A primeira etapa é a preparação do fundo do canal onde o túnel será instalado. Uma trincheira é cavada no local para abrigar os módulos que formarão a estrutura. Também serão instaladas placas de concreto na vala para suportar os elementos de túnel;
  • Construção: Os elementos de túnel são peças de concreto construídas em uma doca seca, de preferência próxima ao local onde ficará o túnel. Os elementos contam com piscinas provisórias no seu interior. Os reservatórios fazem com que a estrutura não afunde na água em um primeiro momento;
  • Transporte: Quando as peças ficam prontas, elas passam por testes de vedação e impermeabilidade. Na sequência, a doca seca é inundada. Por conta das piscinas provisórias, os elementos flutuam para, desta forma, serem transportados por rebocadores para o local onde o túnel vai ficar;
  • Posicionamento: Os elementos são fixados em pontes flutuantes e posicionados por sistemas eletrônicos no ponto exato onde devem ser imersos;
  • Imersão: A água presente nas piscinas provisórias do interior dos módulos é bombeada, fazendo submergir lentamente os elementos do túnel. Esse processo é monitorado por sensores;
  • Ligação dos elementos: Por meio de guinchos hidráulicos, os elementos são aproximados, até o contato entre eles;
  • Acoplagem: A união final dos módulos de túnel contíguos é feita pela diferença de pressão atmosférica no interior do elemento já posicionado e a pressão que a água exerce no novo elemento;
  • Nivelamento: Em uma das extremidades do elemento, são ancorados macacos hidráulicos, que movimentam pinos de aço para nivelar o módulo. Os pinos são soldados e os macacos hidráulicos, retirados. Em seguida, é injetada areia na base, formando uma “cama” para assentar o elemento de túnel;
  • Proteção: Por fim, uma camada de pedras é utilizada para recobrir e proteger o túnel contra impactos de embarcações e o enganchamento de âncoras soltas.
Projeto do túnel foi avaliado por consultorias internacionais de engenharia (Imagem: Governo de São Paulo/Reprodução)

O empreendimento vai receber investimentos de R$ 6 bilhões e faz parte de uma parceria entre os governos federal e estadual, por meio do Ministério de Portos e Aeroportos.

Bruna Barone

Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero

Bruno Capozzi

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.

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