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Congregação semelhante a de Leão XIV, irmãs negras Agostinianas de Salvador apostam crescimento de “estilo”

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“Eu sou filho de santo Agostinho, eu sou agostiniano!’, parte dessas palavras foram entoadas pelo novo pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana, o Papa Leão XIV, durante seu discurso de apresentação, após o anúncio de que o Conclave tinha sido encerrado, e que o catolicismo teria um novo “pastor” para apascentar as ovelhas. 

 

Pregando união, construção de pontes e diálogos, o sacerdote deu indícios do que deverá ser o seu papado, e de algumas das questões que podem ser fomentados e elucidados durante sua missão. Tanto em questões sociais, a exemplo de imigrantes, olhar social direcionado para os mais necessitados, sustentabilidade, o pontificado de Leão pode ter fortes marcas também na questão espiritual e religiosa, e voltada para as doutrinas da Santa Sé e do Catolicismo. 

 

Isso porque o líder religioso é um agostiniano, como bem declarou e fez questão de enfatizar nesta quinta. Isso se traduz em seguir a linha de pensamento de Santo Agostinho, o mártir considerado doutor da Santa Igreja. Conhecida também como Ordem Agostiniana ou Frades Agostinianos, a linha de pensamento foi criada em 1244. 

 

O grupo de seguidores e o carisma de Santo Agostinho foi crescendo e atingindo diferentes padres, diáconos, leigos, ministérios, igrejas, paróquias, santuários e também freiras. Na Bahia, mais precisamente em Salvador, a Congregação das Irmãs Negras Agostinianas, mantém o legado do santo na religião. 

 

Elas fazem parte da única congregação agostiniana existente na capital baiana, já que o grupo masculino desse mesmo tipo, que existia antes na cidade, precisou sair para nova missão em outra localidade. 

 

Em entrevista ao Bahia Notícias, a irmã Rita de Cássia dos Santos, uma das integrantes da congregação, celebrou acerca de ter um papa, autoridade máxima da religião, com o mesmo carisma dela. 

 

“Para gente é muito importante. Ter um novo papa já é essencial, mas sabendo que ele é agostiniano melhor ainda, pois vai nos ajudar também a caminhar na linha de Santo Agostinho. Caminhamos nessa linha de ajudar o próximo, de estar vendo os mais necessitados, de estar seguindo a vida dele [Santo Agostinho]. É o mesmo caminho que a gente faz de missão e de viver a vida fraterna”, comemorou. 

 

Fundada na Bélgica em 1361 e chegada ao Brasil em 1966, estando presente em território cearense também, no solo baiano, o grupo é composto por 11 freiras, que, além dos votos de castidade, optaram por imitar intensamente o filho de Santa Mônica. 

 

“A congregação das agostinianas segue as regras de Santo Agostinho. Ele foi também um ser humano normal que se converteu e se tornou bispo de Roma, e teve uma vida com regras, que a gente segue e estuda. Então, por isso seguimos a vida espiritual dele”, explicou. 

 

A irmã ainda explicou que um dos pilares da santidade é também vivido por ela com as outras freiras. Castidade, pobreza, obediência e humildade. Uma vida sem vaidades, ostentações, riquezas e suntuosidade. 

 

“Santo Agostinho é como se fosse um livro de oração que inspira a viver na pobreza, sem querer luxo. A gente não vive na vida de querer o caro. A gente vive na humildade através dos votos de obediência à castidade e pobreza”, explanou Rita, ordenada freira há 31 anos e 23 anos de votos agostinianos. 

 

CRESCIMENTO E MISSÃO NA BAHIA 
Uma das apostas da religiosa,
com um papa assumidamente augustiniano, é que mais outras pessoas se interessem pelo lema de vida a Santo Agostinho, e que o carismático católico tenha mais espaço e seja mais conhecido até por não católicos, em Salvador, por exemplo. 

 

“Acredito que a gente pode ter um avanço. A nossa congregação caiu muito porque algumas irmãs foram envelhecendo e as mais novas foram chegando na faixa dos 46 anos. Acreditamos que esse trabalho de missionário e agora com um papa pode nos ajudar na espiritualidade. Podemos dar novos passos”, disse esperançosa.  

 

Peregrinas e em missão, uma parte dessas freiras vivem na “Casa da Paz”, no bairro do São Gonçalo do Retiro, e fazem parte das atividades da paróquia do bairro, em uma casa construída pelas irmãs que trouxeram o movimento para a capital. 

 

Já a outra parte vive no bairro do Saboeiro, participando das atividades da Paróquia de Santa Dulce, e outras na Boca do Rio. A freira revelou que com o aumento da disseminação dos agostinianos, a congregação dela pode obter um crescimento futuro. 

 

“Somos poucas, mas antes eram muitas irmãs. Acredito que agora a gente vai poder ajudar mais com esse papa sendo agostiniano, isso pode nos ajudar a crescer, não só em quantidade, mas também crescer em qualidade”, ressaltou. 

 

A projeção chega após as religiosas estenderem-se em peregrinação para a cidade de Maragojipe, Cruz das Almas no Recôncavo Baiano, entre outras. 

 

DESAFIOS E RESISTÊNCIAS 
Mesmo dando os passos e seguindo o legado do doutor da Igreja Católica, uma das maiores religiões e instituições mundiais, as religiosas ainda enfrentam algumas dificuldades e resistências. 

 

Nos últimos anos, por exemplo, após a morte do antigo pároco da Paróquia São Gonçalo do Retiro, Maurício Abel, que ajudava e prestava suporte a essa missão, elas passaram a enfrentar um desafio, tendo que ir para outros lugares. Isso porque, segundo elas, por não serem amparadas pelo novo pároco que assumiu a administração da igreja do bairro. 

 

“A gente já não está mais fazendo o serviço que fazíamos por causa do pároco, que acabou não aceitando a gente. Não trabalhamos praticamente nas comunidades da paróquia. Nossa casa no São Gonçalo já está à venda inclusive”, afirmou. 

 

O serviço das irmãs, no entanto, ainda continua e pode ser conhecido na Paróquia de Santa Dulce dos Pobres, no bairro do Saboeiro, para quem deseja conhecer mais sobre o segmento agostiniano.

 


Foto: Arquivo Pessoal / Arquidiocese de Salvador 

 


Foto: Arquivo Pessoal / Arquidiocese de Salvador 

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