Em tempos de eleição, surge uma velha prática com nova roupagem: a contratação temporária em massa. Sob a desculpa de atender necessidades urgentes, prefeitos e gestores transformam a máquina pública em palanque eleitoral, usando contratos precários como moeda de troca por apoio nas urnas.
Essa estratégia, embora muitas vezes “legalizada” por leis locais, fere de morte o espírito da democracia. Não é gestão: é chantagem velada. Em municípios onde o emprego público é uma das poucas opções de renda, o contrato temporário se transforma em um voto forçado — uma barganha que sustenta currais eleitorais e perpetua grupos no poder.
E onde está o concurso público? Esquecido. Abandonado. O instrumento mais justo, impessoal e transparente de acesso ao serviço público vem sendo deixado de lado em nome de conveniências políticas. O que deveria ser regra virou exceção, e a exceção virou mecanismo de manipulação eleitoral.
Enquanto isso, os profissionais qualificados, que estudam e se preparam por anos, ficam à margem, perdendo espaço para indicações políticas. E o povo, enganado, paga a conta duas vezes: com seus impostos e com a degradação da qualidade dos serviços públicos.
É preciso denunciar essa prática com todas as letras: trata-se de compra de votos institucionalizada. O Ministério Público e os Tribunais de Contas devem agir com firmeza, e a sociedade precisa exigir concursos públicos como única via legítima de ingresso no funcionalismo
Washington LOGAN
Descubra mais sobre Euclides Diário
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.