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Jerônimo Rodrigues diz que municípios contribuem para superlotação da regulação

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O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, afirmou em entrevista recente que grande parte dos problemas enfrentados pela regulação estadual decorre da falta de investimento dos municípios na atenção básica. Segundo ele, 90% dos pacientes encaminhados à fila estadual poderiam ser atendidos nas próprias cidades, caso as prefeituras estruturassem adequadamente suas unidades de saúde.

Como a falta de investimento municipal sobrecarrega a regulação estadual

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A discussão sobre a regulação voltou ao centro do debate após uma entrevista do governador Jerônimo Rodrigues, na qual ele revelou dados preocupantes: segundo relatórios da Secretaria de Saúde, 90% dos pacientes que chegam aos corredores aguardando vaga não precisariam estar ali. Eles deveriam ter sido atendidos em UBS, UPA ou hospitais municipais, mas não o foram devido à falta de estrutura nas cidades.

O que disse o governador: uma crise que não nasce no Estado

Vídeo: Deusimar News

Durante a entrevista, Jerônimo relatou que pede relatórios diários à secretária Roberta sobre a situação da regulação. Em um desses levantamentos, recebeu a informação de que corredores estavam novamente ocupados. Segundo ele, ao analisar os dados:

“90% não era para estar ali. Era para estar passando por uma UBS, por uma UPA, por um hospital municipal. Como o município não tem, não faz, por diversos motivos… a conta recai sobre nós.”

A fala reforça o entendimento de que a superlotação na regulação não pode ser atribuída apenas ao Estado, já que a porta de entrada do SUS — a atenção básica — é responsabilidade direta dos municípios.

Entenda como funciona a regulação estadual na Bahia

Para compreender por que a falta de estrutura municipal afeta tanto o sistema, é necessário entender como funciona a regulação.

Central Estadual de Regulação

A Bahia utiliza a Central Estadual de Regulação para organizar o acesso a leitos, cirurgias e exames complexos. O processo segue critérios técnicos e protocolos internacionais, priorizando gravidade, e não localização geográfica.

Etapas do processo

Encaminhamento: Unidades municipais enviam solicitações com dados médicos do paciente. Análise: Médicos reguladores avaliam a gravidade. Prioridade: Quem está em risco maior tem preferência. Organização: A Central busca vagas em toda a rede estadual, filantrópica e privada credenciada. Transferência: A remoção ocorre conforme disponibilidade e urgência.

Objetivos do sistema

Democratizar o acesso Evitar peregrinação por hospitais Otimizar a rede Melhorar a qualidade do atendimento

A eficiência da regulação, portanto, depende diretamente da qualidade do primeiro atendimento municipal. Sem isso, o sistema recebe demandas que não pertencem à alta complexidade, gerando filas e sofrimento.

A sobrecarga nas redes sociais e o desespero das famílias

Diariamente, é possível ver nas redes sociais pessoas marcando prefeitos, vereadores, deputados ou até o governador na tentativa de acelerar uma vaga de regulação. A prática revela duas coisas:

A percepção de que o sistema está colapsado A falta de compreensão de que muitos casos não deveriam entrar na regulação

Grande parte das situações que se tornam pedidos de urgência deveriam ser resolvidas pelos próprios municípios, caso houvesse investimento adequado em:

Atenção básica Equipamentos para diagnóstico Estrutura hospitalar Plantões completos Ambulâncias e estabilização inicial

Exemplo recente em Euclides da Cunha evidencia negligência local

A cidade de Euclides da Cunha viveu recentemente um apagão de energia que durou mais de 5 horas. O episódio expôs um problema grave: a UPA do município possui há nove anos um gerador parado, que não cumpre sua função por falta de interligação com a rede da unidade.

Em uma situação de emergência, esse tipo de falha pode:

Colocar vidas em risco Atrasar procedimentos básicos Transformar um caso simples em um caso de média ou alta complexidade Gerar demanda desnecessária para a regulação Aumentar o sofrimento das famílias

Esse exemplo mostra como negligências municipais geram efeitos diretos no sistema estadual, sobrecarregando a fila e aumentando a sensação de colapso.

A necessidade urgente de prioridade na saúde municipal

Problemas como falta de UBS estruturadas, UPAs sucateadas, falta de médicos e equipamentos básicos são realidades em diversos municípios baianos. Entretanto, muitas prefeituras continuam optando por:

Grandes festas Obras superfaturadas Despesas que não atendem às necessidades básicas da população

A consequência é clara: o cidadão paga a conta, seja:

Sofrendo na fila da regulação Viajando horas em ônibus para realizar exames simples Aguardando por procedimentos que poderiam ser feitos na própria cidade

Conclusão: sem prioridade municipal, a regulação continuará sobrecarregada

A fala do governador Jerônimo Rodrigues reforça uma realidade técnica e administrativa: o sistema de regulação não pode funcionar sozinho.

Quando a base do atendimento — a atenção básica e a urgência municipal — falha, todo o SUS sofre.

Para reduzir filas, humanizar o atendimento e diminuir o desespero de famílias que recorrem às redes sociais, é essencial que os prefeitos priorizem investimentos em saúde, garantindo que a população receba o cuidado necessário sem depender de uma vaga estadual.

DA REDAÇÃO DO EUCLIDES DIÁRIO

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