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Dólar fecha no menor valor em seis meses, após ‘tarifaço’ de Trump; Ibovespa cai

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A moeda norte-americana recuou 1,23%, cotada a R$ 5,6285. Destoando do mundo, Ibovespa teve uma leve queda de 0,04%, aos 131.141 pontos.

O dólar encerrou em queda nesta quinta-feira (3), a R$ 5,62, atingindo o menor valor do ano até agora. Este é também o menor patamar desde 14 de outubro do ano passado, quando fechou a R$ 5,5821. 

As atenções dos investidores ficaram voltadas às novas tarifas de importação anunciadas pelo presidente dos Estados UnidosDonald Trump, na véspera. Essas tarifas foram anunciadas como uma cobrança recíproca dos EUA aos países que taxam produtos norte-americanos. 

A desvalorização da moeda norte-americana ante o real acompanhou o enfraquecimento do dólar visto a nível global. O índice DXY (indicador que mede o desempenho do dólar em relação às principais moedas do mundo) caiu mais de 1,5%. 

As principais bolsas de valores do mundo também reagiram aos anúncios e registraram fortes quedas. Tarifas maiores devem encarecer produtos que chegam aos EUA, subindo o preço de insumos para a produção de bens e serviços no país. É um cenário que reduz o lucro das empresas e piora a inflação. 

Ibovespa acompanhou o movimento do mercado global, e encerrou em queda. As taxas anunciadas de 10% para o Brasil foram as menores do tarifaço. Além disso, as tarifas podem abrir portas para exportadores brasileiros, que podem ganhar espaço com novos parceiros comerciais.

Na quarta-feira (2), Trump finalmente detalhou como vão funcionar as tarifas recíprocas. As regiões mais afetadas foram a Ásia e o Oriente Médio, com taxas que ultrapassam os 40% em alguns casos. A Europa também foi bastante impactada com as tarifas de 20% anunciadas contra a UE. 

Especialistas avaliam que esse encarecimento deve pressionar os preços e diminuir o consumo nos EUA, o que pode provocar uma desaceleração ou até recessão da maior economia do mundo. 

Ao mesmo tempo, o cenário de incerteza faz com que os investidores se afastem dos ativos de risco, como os mercados de ações, o que prejudica as bolsas de valores em todo o mundo. 

Veja abaixo o resumo dos mercados.

💲Dólar

O dólar recuou 1,23%, cotado a R$ 5,6285. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,5930. Veja mais cotações.

Com o resultado, acumulou:

  • queda de 2,28% na semana;
  • recuo de 1,35% no mês; e
  • perda de 8,92% no ano.

No dia anterior, a moeda americana teve alta de 0,27%, cotada a R$ 5,6986.

📈Ibovespa

O Ibovespa encerrou em queda de 0,04%, aos 131.141 pontos. 

Com o resultado, o Ibovespa acumulou:

  • queda de 0,58% na semana;
  • avanço de 0,67% no mês; e
  • ganho de 9,03% no ano.

Na véspera, o índice teve alta de 0,03%, aos 131.190 pontos.

O que está mexendo com os mercados?

O “tarifaço” de Trump, que entrou em vigor na última quarta-feira (2), foi o principal motor das negociações neste pregão. Investidores seguem cautelosos, com receio de que a guerra tarifária resulte em inflação e até mesmo em uma recessão econômica nos EUA. 

A imposição de tarifas de importação era uma das principais promessas de campanha do republicano. Desde que assumiu o atual mandato, ele já decretou tarifas sobre grandes parceiros comerciais, como México e Canadá, além de impor ou ameaçar colocar taxas sobre produtos específicos, como aço, alumínio, automóveis produtos agrícolas

O grande temor do mercado é que o “tarifaço” inicie uma guerra comercial generalizada pelo mundo, em que outros países também elevem suas taxas em resposta às decisões do presidente norte-americano. 

Trump chamou o anúncio das tarifas recíprocas como “Dia da Libertação”. O objetivo do presidente é que essas taxas “libertem” os EUA de produtos estrangeiros. 

A forma para que os outros países evitem as taxas, segundo Trump, é transferindo suas fábricas para os EUA. Mas os países estão reagindo de forma diferente. 

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que as tarifas constituem um “duro golpe à economia mundial”. Também declarou que o bloco está “preparado para responder”, embora tenha assegurado que “não é tarde demais” para abrir negociações com Washington. 

Na Alemanha, o chefe de Governo, Olaf Scholz, considerou que as decisões de Trump são “fundamentalmente erradas” e “constituem um ataque contra uma ordem comercial que criou prosperidade em todo o mundo”. Assim como outros líderes europeus, ele afirmou que o bloco responderá “de maneira unida, forte e apropriada”. 

Na França, o presidente Emmanuel Macron pediu que as empresas europeias suspendam os investimentos planejados nos EUA. 

“Acho que o que é importante […] é que os investimentos futuros ou anunciados nas últimas semanas sejam suspensos até que as coisas sejam mais esclarecidas co mos Estados Unidos“, afirmou, destacando que nenhuma resposta foi descartada. 

No Reino Unido, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse a empresários do país que as medidas terão “um impacto econômico, tanto a nível nacional como mundial”. 

“Transmiti que as medidas tarifárias unilaterais adotadas pelos Estados Unidos são extremamente lamentáveis e pedi, novamente, (a Washington) para não aplicá-las ao Japão”, declarou o ministro japonês do Comércio, Yoji Muto. 

Na China, o Ministério do Comércio pediu a Washington que “cancele imediatamente” as novas medidas, que, afirma, “colocam em perigo o desenvolvimento econômico mundial”. Também anunciou que adotará “contramedidas para preservar seus direitos e interesses”. 

“Vamos combater essas tarifas com contramedidas”, alertou o premier Mark Carney, para quem as taxas americanas “vão mudar fundamentalmente o sistema de comércio mundial” e afetar “diretamente milhões de canadenses”. 

No Brasil, o Senado aprovou na terça-feira um projeto que cria mecanismos e autoriza o governo a retaliar países ou blocos que imponham barreiras comerciais a produtos brasileiros (entenda mais). 

🔎 Tarifas maiores tornam os produtos mais caros, e encarecem também os bens e serviços que dependem desses insumos importados. Isso tende a aumentar a inflação e impactar o consumo. 

Por isso, há uma percepção de que os EUA podem passar por um período de desaceleração da atividade econômica, ou até uma recessão da economia — o que tem potencial de afetar o mundo todo. 

*Com informações das agências de notícias Reuters e AFP

Fonte: g1


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