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Em Minas Gerais, Lula cita anistia e diz que ‘batalha’ tem que ser feita pelo povo

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Em Minas Gerais, Lula cita anistia e diz que ‘batalha’ tem que ser feita pelo povo

Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Lula (PT) durante solenidade nesta quinta-feira (4) de lançamento do programa Gás do Povo, em Belo Horizonte 04 de setembro de 2025 | 17:46

Em Minas Gerais, Lula cita anistia e diz que ‘batalha’ tem que ser feita pelo povo

Em conversa com lideranças e influenciadores da periferia em Belo Horizonte, o presidente Lula (PT) mencionou “risco de anistia” ao falar sobre o Congresso Nacional e defender a eleição de mais representantes de comunidades periféricas.

“Nós estamos vendo agora os falsos patriotas nos EUA pedindo intervenção do presidente Trump no Brasil. Os caras que fizeram campanha embrulhados na bandeira nacional, dizendo que eram patrióticos, agora estão embrulhados na bandeira americana, pedindo para o Trump intervir no Brasil”, disse o petista nesta quinta-feira (4).

“Agora é outra coisa que nós temos que saber: se for votar no Congresso, corremos o risco da anistia. […] O Congresso tem ajudado o governo, o governo aprovou quase tudo que o governo queria, mas a extrema-direita tem muita força ainda. Então é uma batalha que tem que ser feita também pelo povo”, acrescentou.

Líderes do centrão e da oposição articulam no Congresso um projeto de amplo perdão a todos os envolvidos na trama golpista de 2022 e no 8 de Janeiro, inclusive Jair Bolsonaro (PL).

O governo do ex-presidente foi citado em outra agenda de Lula nesta quinta, em cerimônia de lançamento do Programa Gás do Povo, quando ele disse que passou “dois anos consertando este país”.

Segundo o governo federal, o programa Gás do Povo, que substitui o atual Auxílio Gás, vai oferecer gratuidade no botijão de gás de cozinha para 15,5 milhões de famílias brasileiras, beneficiando cerca de 50 milhões de pessoas.

No Aglomerado da Serra, na roda de conversa com lideranças e influenciadores da periferia, Lula afirmou que “a gente está em um momento delicado” e que é preciso “politizar as nossas comunidades”. “Precisamos combater a fake news. A mentira voa, a verdade engatinha”, disse ele.

A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, também participou da conversa.

O petista disse que, até o fim do mandato, o governo precisa saber o que está funcionando e o que precisa ser corrigido.

“Se vocês não cobrarem, a gente pensa que as coisas estão bem. Não tem problema criticar, falar mal. Não quero que vocês sejam chapa branca. Quero que vocês sejam verdadeiros”, afirmou.

Lula também defendeu que haja mais representantes da periferia no Congresso Nacional. “Temos dois deputados do MST e temos 240 ruralistas, como é que a gente vai aprovar as coisas? Sabe qual é o maior castigo de quem não gosta de política? É ser governado por quem gosta. E se quem gosta é indiferente, a gente vai continuar padecendo”, disse Lula.

“A democracia é uma coisa extremamente importante, embora muitas vezes a gente não sinta a democracia trazer benefício para nós. Porque a democracia não é só o direito de votar. Também é o direito de governar, direito de dar palpite, de fazer sugestão, de apresentar reivindicação, de ajudar a governar. Porque muitas vezes quem sabe fazer as coisas não é o governo, são vocês”, afirmou.

“É preciso fazer as coisas funcionarem, senão a democracia não tem sentido para o povo. A democracia para o povo é comer, é estudar, é morar, é ter acesso à cultura, ao lazer”, continuou o presidente.

Trata-se da sétima visita de Lula a Minas Gerais em 2025, sequência que já supera o total de viagens do petista ao estado nos dois primeiros anos de seu governo.

A intensificação da agenda do presidente acontece em meio à tentativa de estabelecer um palanque competitivo no estado para sua reeleição. Segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais é conhecido por ser uma espécie de termômetro para as eleições presidenciais.

A construção do PT em Minas está centrada no apoio à candidatura do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD) ao governo do estado.

Em entrevistas e discursos recentes, Lula tem incentivado a candidatura do aliado, a quem costuma citar como “principal personalidade política” de Minas. Antes de Lula discursar nesta quinta, parte da plateia gritou “fora Zema”, em referência ao governador mineiro Romeu Zema (Novo), pré-candidato ao Planalto em 2026.

Assim como já ocorreu em outras cerimônias do governo federal em Minas, Pacheco discursou nesta quinta. O senador voltou a falar em defesa da soberania, em referência aos ataques do governo norte-americano de Donald Trump estimulados pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

“Pouco importa se estão caçando vistos americanos de autoridades. O que importa é nós termos a cidadania brasileira preservada, defendendo o nosso país”, disse Pacheco.

“Nada é capaz de nos unir mais do que a defesa da nossa democracia. Tentaram dar um golpe neste país e o povo brasileiro disse não, elegendo o Lula, e reafirmando que a nossa democracia é um valor sagrado para todos nós”, continuou o senador, interrompido pela plateia, que começou a gritar “sem anistia”.

A agenda em Belo Horizonte também teve o objetivo de aproximar Lula ao prefeito Álvaro Damião (União Brasil), filiado a um partido que acaba de desembarcar do governo. Durante seu discurso na cerimônia, Damião elogiou o presidente e afirmou que a trajetória política dos dois teve início semelhante, na periferia das cidades.

Após o evento, questionado sobre se iria apoiar o presidente no ano que vem mesmo fazendo parte de um partido que agora está na oposição, o prefeito não quis assumir uma posição.

“A minha política é para as pessoas mais simples, é para o povo da minha cidade. Sobre as construções partidárias, elas são feitas em reuniões. A gente pode ter certeza que todo mundo quer o melhor para o país. Eu penso no que é melhor para Belo Horizonte”.

Artur Búrigo/Catarina Scortecci/Folhapress




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