O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, anunciou neste domingo (26) um acordo provisório entre Washington e Pequim que permitirá à China adiar por um ano as restrições à exportação de minerais de terras raras e, ao mesmo tempo, retomar a compra de soja americana. O pacto evita, por enquanto, um aumento de 100% nas tarifas sobre produtos chineses que havia sido anunciado anteriormente pelo presidente Donald Trump.

Trump havia advertido que, caso a China impusesse controles globais à exportação de terras raras, os EUA aplicariam a elevação tarifária a partir de 1º de novembro. Após as negociações bilaterais, essa medida foi suspensa.
“Acredito que evitamos isso”, afirmou Bessent ao programa This Week, da emissora ABC, confirmando também que Pequim retomará “compras agrícolas substanciais”, uma das principais exigências de Washington.

Sobre as restrições, o secretário norte-americano explicou que a China concordou em adiá-las por um ano enquanto as reavalia, resultado das negociações conduzidas pelo vice-primeiro-ministro He Lifeng em Kuala Lumpur, na Malásia. As conversas ocorreram paralelamente à sexta cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que contou com a presença de Trump.

O representante de Comércio Internacional da China, Li Chenggang, confirmou ao final das reuniões que foi alcançado um “acordo preliminar”, destacando que ambos os lados buscaram “propostas adequadas para tratar das preocupações mútuas”. Segundo a agência oficial Xinhua, o próximo passo será que cada país conclua seus procedimentos internos de aprovação.

Li afirmou ainda que o diálogo com Washington — a quinta rodada desde abril, após o último encontro em Madri — abordou “diversos temas”, incluindo controles de exportação, extensão da suspensão recíproca de tarifas e cooperação no combate ao tráfico e consumo de fentanil. Também foram discutidas tarifas americanas sobre embarcações chinesas e a possível ampliação do comércio bilateral. O representante chinês reconheceu que os Estados Unidos mantiveram uma postura firme, enquanto Pequim defendeu com determinação seus interesses.

Bessent afirmou ainda, em coletiva de imprensa, que Beijing e Washington estabeleceram bases sólidas para um encontro bem-sucedido entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping, previsto para 30 de outubro na Coreia do Sul. Segundo o porta-voz americano, as conversas entre os dois países incluíram temas como comércio, terras raras, fentanil, TikTok e o estado geral das relações bilaterais.

O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, destacou que as delegações concluíram os detalhes do acordo, que ainda precisará da aprovação dos líderes das duas potências. Durante o dia, Trump expressou otimismo quanto à possibilidade de um bom entendimento com Xi e sugeriu futuros encontros em ambos os países.

As negociações em Kuala Lumpur serviram de preparação para a próxima cúpula Trump–Xi, ainda não confirmada por Pequim, em meio às tensões sobre o domínio chinês no mercado de terras raras, insumo essencial para a indústria tecnológica.

Em resposta às medidas chinesas, a Casa Branca havia elevado a ameaça de tarifas de até 100%, o que poderia elevar as taxas efetivas a 157%. Além disso, entraram em vigor neste mês tarifas portuárias recíprocas e foi aberta, na última sexta-feira, uma investigação americana sobre um suposto descumprimento do acordo comercial de 2020, o qual Pequim afirma ter cumprido “rigorosamente”.

Ao fim das conversas, o vice-primeiro-ministro He Lifeng pediu que os dois países “preservem conjuntamente os avanços obtidos” em Kuala Lumpur, ressaltando que o desenvolvimento estável das relações econômicas e comerciais “atende aos interesses fundamentais de ambos os países e de seus povos”.