


Dos 80 produtos que o Distrito Federal exporta para os Estados Unidos, apenas combustível para aviação está na lista de 694 exceções do presidente Donald Trump. O item representa 9,4% das mercadorias exportadas ao país norte-americano, que representa US$ 739.273.
O levantamento é da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra). Segundo a entidade, outros 12 são passíveis de isenção se forem exportados para fins de aviação civil; mas de modo geral, as 79 mercadorias restantes vão seguir com 50% de taxas sobre o valor.
Os materiais significaram US$ 7.096.370, o que representa 90,6% dos valores do DF em exportação. Os principais produtos são gorduras e óleos vegetais ou animais; misturas e pastas para padaria ou pastelaria; produtos da indústria de biscoito; roupas entre outros.
“Não é uma exportação muito robusta, mas que é muito importante para as empresas que exportam e que tem anos que exportam para os EUA”, disse o presidente da Fibra, Jamal Jorge Bittar.
“Dentro do caos, temos uma sorte de a exportação do DF não ser concentrada nos EUA, exportamos muito para o Oriente Médio e outros países. Isso faz com que nossa dependência não seja tão grande como em outros estados”, explicou.
Tarifaço
- Donald Trump assinou a ordem executiva que oficializou a tarifa de 50% contra os produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos.
- Na prática, os 50% são a soma de uma alíquota de 10% anunciada em abril com 40% adicionais anunciados no começo do mês.
- Apesar disso, o líder norte-americano deixou quase 700 produtos fora da lista de itens afetados pela tarifa extra de 40%. Entre eles, estão: suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minérios de ferro. Os produtos isentos serão afetados apenas com a taxa de 10%.
- A previsão do governo norte-americano é de que o tarifaço entre em vigor no início deste mês.
Bittar ressaltou que o Distrito Federal tem buscado novos mercados para diversificar as exportações. Segundo ele, já há início de conversa com chineses interessados em investir no mercado distrital, diante da taxação norte-americana.
“Nós contamos não só no ambiente de negociação entre os fornecedores brasileiros e consumidores americanos para que uma parte seja absorvida pelo consumidor final”, detalhou.
Veja a lista:
“Foi algo recente que pegou a todos de surpresa e que está muito incipiente. Vamos precisar esse primeiro mês para trabalhar em cima de uma situação que é política”, completou.
O presidente da federação ressaltou o peso da importação americana para o DF. “Para a gente seria positiva a implantação da lei da reciprocidade, já que importamos US$ 300 milhões, muito mais do que exportamos”, completou.
“Mas contamos com as negociações que o governo tem feito e com outras medidas como prorrogação de impostos, empréstimos do BNDES com juros baixos”, destacou.
Assista:
Casa Branca não quer conversar, diz Lula
Na terça-feira (29/7), Lula recebeu jornalistas do The New York Times no Palácio da Alvorada, em Brasília, e afirmou que ninguém na Casa Branca quer conversar.
“Pedi para entrar em contato. Designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que cada um possa conversar com seu homólogo e entender qual seria a possibilidade de diálogo. Até agora, não foi possível”, ressaltou o presidente.
Na entrevista, o petista adotou um tom mais ameno, de abertura ao diálogo. “Só para vocês terem noção do cronograma, realizamos 10 reuniões sobre comércio com o Departamento de Comércio dos EUA. Em 16 de maio, enviamos uma carta solicitando uma resposta dos Estados Unidos. A resposta que recebemos foi por meio do site do presidente Trump, anunciando as tarifas sobre o Brasil”, observou.
Taxas contra o Brasil
Donald Trump assinou, na quarta-feira (30/7), a ordem executiva que oficializou a tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. A decisão foi justificada como resposta a ações do governo brasileiro que, segundo a Casa Branca, representam uma ameaça “incomum e extraordinária” à segurança nacional, à política externa e à economia norte-americana.
O tarifaço estava marcado para começar nesta sexta-feira. No entanto, a ordem executiva define para o dia 6 de agosto o início da vigência para mercadorias inseridas para consumo ou retiradas do depósito para consumo.
Apesar da ordem executiva, Trump deixou quase 700 itens de fora do tarifaço, como produtos aeronáuticos civis, o que interessa à Embraer, suco e derivados de laranja (suco e polpa), minério de ferro, aço e combustíveis, por exemplo.
Confira lista de exceções do tarifaço:
A medida se baseia na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (Ieepa, na sigla em inglês), de 1977, e declara a instauração de uma nova emergência nacional nos EUA em relação ao Brasil.
Efeito Bolsonaro
O texto da ordem executiva acusa o governo brasileiro de perseguir, intimidar, censurar e processar politicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, o que, na visão do governo Trump, configuraria violações graves dos direitos humanos e um enfraquecimento do Estado de Direito.
“O presidente Trump tem reafirmado consistentemente seu compromisso em defender a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra ameaças estrangeiras, inclusive salvaguardando a liberdade de expressão e responsabilizando violadores de direitos humanos por seu comportamento ilegal”, diz comunicado oficial.
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