A maioria do eleitorado é feminina, mas a Câmara e os principais cargos ainda refletem a predominância masculina. É hora de buscar a verdadeira paridade política.
Em Euclides da Cunha, os números da política municipal são claros: das 15 cadeiras da Câmara de Vereadores, apenas 2 são ocupadas por mulheres, enquanto 13 pertencem a homens. No Executivo, há uma vice-prefeita, mas nos principais cargos de gestão a presença masculina ainda predomina. Esse quadro evidencia uma desconexão entre o eleitorado e sua representação, já que a maioria dos votantes é composta por mulheres.
O cenário local reflete um problema nacional. No Brasil, embora as mulheres representem mais de 52% do eleitorado, elas ocupam apenas cerca de 18% das cadeiras na Câmara dos Deputados e 16% no Senado. Na Bahia, a sub-representação é igualmente preocupante: apenas 11 deputadas estaduais em um universo de 63 cadeiras. Ou seja, apesar de elegerem a maioria, as mulheres continuam minoria nos espaços de decisão.
A Constituição Federal garante, em seus artigos 5º e 14, a igualdade de direitos e a participação política de todos. Para tentar corrigir o desequilíbrio, a Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997) determinou que partidos e coligações preencham no mínimo 30% de suas candidaturas com mulheres. Mas a prática mostra que muitas vezes essa medida não se traduz em representação efetiva, servindo apenas para cumprir formalidades sem garantir apoio real às candidatas.
É hora de avançar para a paridade de fato, em que mulheres ocupem 50% dos espaços legislativos e executivos, refletindo a composição da sociedade. Isso não é privilégio, mas aplicação do princípio da igualdade material, que exige do Estado medidas concretas para corrigir desigualdades históricas. Experiências internacionais demonstram que cotas paritárias efetivas aumentam a representatividade e fortalecem a democracia.
Em Euclides da Cunha, é urgente que partidos e lideranças políticas incentivem candidaturas femininas com recursos, visibilidade e suporte real. Só assim será possível superar o abismo entre o voto feminino e sua representação efetiva. A participação das mulheres na política não é apenas questão de justiça, mas condição indispensável para decisões públicas que contemplem diferentes perspectivas e necessidades sociais.
A democracia local só será completa quando a composição da Câmara e do Executivo refletir a diversidade do eleitorado. A presença das mulheres na política é direito, dever e urgência, e não apenas uma questão simbólica. A verdadeira paridade política é essencial para que Euclides da Cunha construa um futuro mais justo, democrático e representativo.
DRª MARLENE REIS
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