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Exigência de “harmonia com a política estadual” reacende críticas de artistas à Secult: “autoritarismo, base de fascismos”

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Exigência de “harmonia com a política estadual” reacende críticas de artistas à Secult: “autoritarismo, base de fascismos”

Foto: Divulgação/Arquivo
Bruno Monteiro, titular da Secult 16 de outubro de 2025 | 13:32

Exigência de “harmonia com a política estadual” reacende críticas de artistas à Secult: “autoritarismo, base de fascismos”

Uma nova polêmica no meio cultural baiano expôs novamente o desgaste entre produtores, artistas e a Secretaria de Cultura do Estado (Secult-BA). O motivo é um item de edital que exige “Harmonia com a política estadual de cultura” — expressão que, para boa parte da classe artística, soa como um selo ideológico, subordinando a criação à chancela do governo Jerônimo Rodrigues (PT).

Nas redes sociais, circula parte de uma imagem com a pontuação dada a dois projetos: “Vou te Contar!”, proposto pelo ator e diretor de teatro, Marcelo Mascarenhas Prado, e “Os pássaros de Copacabana”, de Ana Paula Mascarenhas Prado. Ambos receberam a nota 7,7 no critério que pede harmonia com a política estadual de cultura.

O requisito estabelecido pela Secult recebeu críticas de diversas direções e chegou a ser chamado de “modelização fascista”, elevando ainda mais o dissabor da cena cultural baiana com o gaúcho Bruno Monteiro, que chefia a pasta por indicação direta do senador Jaques Wagner (PT).

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Uma das vozes que se opuseram ao critério da Secult foi a escritora, atriz e diretora artística Maria Prado de Oliveira. “Qualquer avaliação pessoal na distribuição do dinheiro público, seja por opiniões divergentes ou por ser amiga/amigo ou por simpatizar com essa ou aquela pessoa, é autoritarismo, base de fascismos”, escreveu em uma longa manifestação nas redes sociais.

“Mais do que a discussão sobre ser ou não aprovado em um edital, o que queremos, na verdade, é entender o pensamento de uma comissão, quando não leva em consideração aspectos que o próprio edital determina como relevantes”, interagiu Marcelo Prado no comentário da publicação.

Gil Vicente Tavares, diretor artístico do Teatro Nu, também levou o tema às redes. Os comentários que se seguiram ecoaram a mesma indignação. “A China de Mao Tse Tung não ousou tamanho dirigismo cultural. É vergonhoso, inadmissível, deplorável. Uma lástima mas o que esperar de uma gestão que tem alguém tão inexpressivo como o atual secretário de cultura do Estado?!”, escreveu um seguidor.

“Num governo que se diz de esquerda é surreal um critério como “harmonia com a política cultural do estado”. Aliás, cabe perguntar: qual é a política cultural do estado???”, adicionou outro.

“Absurdo total, o sistema de editais é primo-irmão da politica de balcão!”, emendou um terceiro.

Essa não é a primeira vez que a pasta de Bruno Monteiro enfrenta resistência da classe cultural baiana. Desde que assumiu o cargo, em 2023, o secretário é alvo de críticas e mais recentemente chegou a ser chamado de “alienígena” em um manifesto público do segmento.

Em entrevista ao Política Livre, semanas atrás, o secretário reagiu aos ataques. “A cultura nasce, cresce e se desenvolve no ambiente democrático. E a democracia é ruidosa, inquieta, então nós que trabalhamos com cultura estamos muito acostumados com esse ambiente da crítica, da proposição, da divergência, da convergência e a gente constrói as políticas assim”.

Política Livre



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