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Governo Trump intensifica ações longe da fronteira e aumenta pressão contra imigrantes nos EUA

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Cortes de Trump suspendem as ações de agência da ONU para migrantes no Brasil

Foto: Reprodução
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump 26 de maio de 2025 | 07:00

Governo Trump intensifica ações longe da fronteira e aumenta pressão contra imigrantes nos EUA

Oferecer dinheiro para saída voluntária, redirecionar investimento externo à repatriação e multar imigrantes em situação irregular foram algumas das soluções que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu ou colocou em prática nos últimos meses. O alvo, via de regra, é o mesmo: cidadãos não-americanos que “envenenam o sangue” e trazem “genes ruins” ao país, nas palavras do republicano.

Desde o período pré-eleitoral —e também na campanha—, Trump manifestou repetidamente seu compromisso em deportar imigrantes em situação ilegal que, segundo ele, estariam “formando um exército” para “atacar [os EUA] de dentro”. Foi com esse pano de fundo que o presidente aumentou o número de agentes no serviço de imigração americano —ICE, na sigla em inglês— e iniciou uma guinada no número de detenções.

No país, são duas as organizações que fazem a quase totalidade das detenções: o próprio ICE, que atua em todo território nacional, e o CBP, órgão responsável pela alfândega e controle de fronteiras. Em ambos os casos, é o primeiro, enquanto serviço de imigração, o responsável pelo desenrolar dos processos —que vão desde liberação, detenção temporária e remoção voluntária à deportação imediata.

Pela legislação americana, as abordagens do CBP só podem acontecer “a uma distância razoável de qualquer fronteira externa dos EUA”, o que inclui o litoral. Na prática, a norma determina um raio de 100 milhas (cerca de 160 km) das fronteiras do país —cerca de dois terços da população vivem dentro dessa área, que inclui as cidades de Nova York, Los Angeles e Chicago, por exemplo, além de todo o estado da Flórida.

É também por isso que há controvérsias judiciais constantes nas ações lideradas pelo CBP, uma vez que a Quarta Emenda da Constituição dos EUA protege contra buscas e apreensões arbitrárias de pessoas e seus bens e, por outro lado, o órgão de fronteira afirma ter autoridade para agir com base em critérios próprios dentro de toda esta área.

Em 2020, o último ano do primeiro mandato de Trump, o CBP perdeu o protagonismo nas detenções de imigrantes, que passaram a ser feitas majoritariamente pelo próprio ICE —fator impactado pela queda no número de entradas ilegais em razão da pandemia. O cenário sob Joe Biden se inverteu, com o CBP responsável pela maior porção de ações. Agora, com o segundo mandato do republicano, a tendência volta às taxas praticadas há cinco anos.

O aumento expressivo do número de detenções feitas pelo ICE, especialmente neste ano, reflete principalmente o crescente número de agentes que o governo federal direciona para este tipo de ação, bem como a consequente caçada interna que Trump promove longe das fronteiras.

Com essa retomada das detenções, cresceram também os níveis de pessoas condenadas e outras com acusações criminais pendentes entre os detidos. Continua maioria, no entanto, o grupo de quem não tem nenhuma infração registrada, com exceção da possível entrada ilegal no país.

Os aumentos nominais nesta métrica podem mascarar um fato sensível para o governo Trump: mesmo com o aumento de detenções registradas, o número de pessoas que permanecem detidas ou são, de fato, deportadas —voluntariamente ou não— ainda continua abaixo dos recordes de Biden.

Os dados são compilados pela plataforma Trac, da Universidade de Syracuse, de Nova York. O último relatório da instituição, de abril deste ano, ressalta que “a emissão de uma ordem de detenção não resulta automaticamente na detenção [definitiva] da pessoa” e, portanto, é possível considerar que “o uso atual de detenções pela gestão Trump não é gerenciado de forma eficaz”.

Entre os números, estão também contemplados os imigrantes brasileiros. Desde o início do século, foram registrados mais de 250 mil casos de deportação nas cortes americanas. Depois do pico de 2005, os números voltaram a crescer em 2021, com quase 37 mil novos registros.

Historicamente, a maioria dos casos é de brasileiros que, quando processados, estão nos estados de Massachusetts, Flórida, Pensilvânia e Nova Jersey. Todos os processos podem resultar na posterior condenação e deportação das pessoas, ou não. Destes casos, ao menos 84% nunca sequer resultaram em detenção.

No último dia 8, agentes do ICE realizaram uma prisão de uma imigrante brasileira que causou revolta no bairro onde morava, em Worcester, no estado de Massachusetts. Os agentes usaram a família de Rosane Ferreira, 40, como isca para atraí-la para fora de casa e prendê-la.

Gabriel Barnabé / Folhapress




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