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Haddad sobre tarifaço: “Estamos nos preparando para vários cenários”

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Haddad sobre tarifaço: "Estamos nos preparando para vários cenários"

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (21/7) que o governo brasileiro não vai sair “da mesa de negociação” com os Estados Unidos para tentar reverter a imposição de tarifas comerciais de 50% sobre todos os produtos exportados pelo país aos norte-americanos.

A nova rodada do tarifaço comercial foi anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em represália ao que o líder norte-americano classificou como abusos e injustiças cometidas pelo Judiciário brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado, investigado por suposta tentativa de golpe de Estado. As tarifas, em tese, começam a valer a partir do dia 1º de agosto.

Os EUA também instauraram investigação comercial, aberta pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês), a pedido de Trump. O governo norte-americano afirma que a análise visa investigar supostas práticas comerciais desleais do Brasil em relação aos EUA e cita como exemplo as recentes disputas judiciais envolvendo plataformas digitais norte-americanas.

“O Brasil não vai sair da mesa de negociação. A determinação do presidente Lula é que nós continuemos engajados permanentemente. Mandamos uma segunda carta na semana passada, em acréscimo à de maio. Vamos insistir na negociação comercial para que possamos encontrar um caminho de aproximação entre os dois países”, disse Haddad, em entrevista à Rádio CBN.

“Estamos nos preparando para vários cenários. Houve muitas idas e vindas nas decisões tomadas pelo governo dos EUA, sobretudo em relação à própria burocracia interna. A pedido do presidente Lula, estamos desenhando cenários possíveis”, prosseguiu o ministro da Fazenda, sem detalhar quais seriam as medidas estudadas.

Influência da família Bolsonaro

“O país todo tem de estar muito consciente do que está ocorrendo em todas as suas dimensões. Neste momento, é hora da unidade do país em defesa do interesse nacional e da percepção, que é real, de que nós não estamos sozinhos nessa questão com os EUA. Há uma força política de extrema direita no Brasil que está concorrendo contra os interesses nacionais”, acusou Haddad, referindo-se à família Bolsonaro.

Segundo o chefe da equipe econômica, “o mundo começa a se organizar para saber o que vai ser se essas imposições unilaterais do governo dos EUA se mantiverem”.

“Se você considerar os países fundadores do Brics, o comércio da Índia e da China com a Rússia aumentou muito mais do que com o Brasil, que é um país muito distante da Rússia. E as tarifas sobre Índia e China são menores do que em relação ao Brasil”, comparou Haddad.

“Por mais que se procure explicação para o que aconteceu, o que sobra é a questão individual da relação do Trump com o Bolsonaro. Você fazer do destino de uma pessoa que tentou se manter no poder pela força, articulou as forças nacionais em proveito próprio… como você vai lidar com esse assunto, sendo que o Brasil já se reuniu com as autoridades americanas somente neste ano mais de 10 vezes?”, indagou o ministro.

Plano de contingência

Na entrevista, Fernando Haddad disse que o governo brasileiro já vem preparando um “plano de contingência” que pode ser implementado após 1º de agosto, dependendo do desfecho das negociações comerciais com os EUA.

“Podemos chegar ao dia 1º sem resposta? Este é um cenário que nós não podemos desconsiderar neste momento. Mas ele não é o único cenário que está sendo considerado por nós”, afirmou Haddad.

“Em uma situação como essa, de agressão externa injustificável, o Ministério da Fazenda se prepara para todos os cenários. Nós temos plano de contingência para qualquer decisão que venha a ser tomada. O Brasil jamais saiu e jamais sairá da mesa de negociação porque não há compreensão de nossa parte de que essa situação perdure para benefício mútuo dos EUA e do Brasil”, disse o ministro, sem detalhar o que seria o plano de contingência.

Haddad pontuou que as medidas analisadas envolvem possível apoio a setores atingidos pelo tarifaço de Trump. “Pode ser que tenhamos de recorrer a instrumentos de apoio a setores que estão sendo afetados injustamente. E são setores que têm relação de décadas com os EUA”, afirmou.

“Não necessariamente isso vai implicar gasto primário. No caso do Rio Grande do Sul, que é uma coisa de outra natureza, a menor parte do investimento foi gasto primário. A maior parte foi apoio às empresas afetadas pelas enchentes do ano passado”, prosseguiu o ministro.

“São cenários e planos de contingência, e obviamente que quem vai decidir é o gabinete que o presidente montou e a decisão cabe a ele tomar, à luz da reação ou não reação do governo dos EUA diante do clamor que nem é só brasileiro, mas mundial”, concluiu Haddad.

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