O governador Jerônimo Rodrigues (PT) recebe nesta terça-feira (28) o presidente da Assembleia Legislativa, Adolfo Menezes (PT), e o deputado Rosemberg Pinto (PT) para costurar um acordo sobre o projeto de mudança no regimento interno da Casa com o objetivo de evitar um bate-chapa em torno da 1ª vice na eleição da Mesa Diretora, que acontece na segunda-feira (3). O secretário estadual de Relações Institucionais, Adolpho Loyola (PT), também participa do encontro, programado para o meio-dia.
Rosemberg é candidato a 1º vice, e vem defendendo um prazo de até 60 dias para a convocação de uma nova eleição caso a presidência da Assembleia fique vaga. Já o senador Angelo Coronel (PSD) quer que isso ocorra de forma imediata. Caso contrário, ameaça lançar o herdeiro, o deputado Angelo Coronel Filho (PSD), para bater-chapa com o petista, o que racharia a base de Jerônimo e deixaria cicatrizes que podem se tornar permanentes em meio ao debate antecipado sobre o pleito de 2026.
A 1ª vice se tornou alvo de cobiça por conta do possível questionamento judicial da reeleição de Adolfo Menezes, que tem o apoio de 62 dos 63 parlamentares. Já há uma jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) que impede a segunda recondução para o mesmo cargo nas Mesas Diretoras dos Poderes Legislativos, o que seria o caso do presidente da Assembleia da Bahia. Atualmente, o regimento é omisso sobre o prazo para a convocação de uma nova eleição se houver queda do chefe do Poder.
Segundo apurou este Política Livre, Jerônimo vai tentar convencer Rosemberg a aceitar um prazo curto para a convocação de uma nova eleição caso o STF derrube a reeleição de Adolfo, cenário visto como factível e até inevitável por alguns parlamentares. Deputados têm defendido um intervalo de 72 horas entre a possível queda do presidente e a convocação de uma nova eleição. Coronel, que age de forma agressiva nas articulações no Legislativo baiano, Casa que conhece bem, pois já foi presidente, prega 24 horas.
Aliados de Rosemberg avaliaram nesta segunda que o petista pode, inclusive, desistir de concorrer ao cargo de vice de Adolfo e tentar se manter na liderança do governo por mais um ano, diante da impossibilidade de permanecer na presidência por tempo suficiente para se viabilizar, na base dos acordos internos e com a caneta na mão, como sucessor do atual titular da cadeira.
Hoje, Rosemberg se reuniu com alguns deputados e com o próprio Adolfo e se queixou de ter sido abandonado pelo governo. O petista afirmou que, pelas costas dele, o governador fechou um acordo com Angelo Coronel. Antes das articulações de Coronel, o deputado pavimentava de forma segura, com o apoio do senador Jaques Wagner (PT), o plano para chegar à presidência da Assembleia.
Rosemberg tinha, inclusive, um entendimento com o próprio Adolfo de que não havia necessidade de mudar o regimento, como reivindicaram no final do ano passado diversos deputados com receio de o PT assumir o controle do Legislativo, pois convocaria uma nova eleição, como é a praxe da Assembleia, em alguns meses após a vacância. Entretanto, as ameaças de Coronel de lançar o filho atrapalharam os planos do petista.
Ainda segundo apurou o site, o entendimento do governador é que o comando da Assembleia deve ser do PSD, sem que o partido considere o PT uma ameaça. Dessa forma, Jerônimo também quer evitar antecipar uma disputa com Angelo Coronel em meio à tensão pela formação da chapa majoritária em 2026, além de criar um obstáculo para que o filho do ainda aliado assuma a presidência da Casa, o que seria um trunfo político de peso para o senador, que vê a vaga à reeleição seriamente ameaçada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), num movimento apoiado por Wagner.
Após a reunião desta terça com o governador, Adolfo Menezes deve se reunir com os líderes da Assembleia para tratar da convocação extraordinária da Assembleia para votar, no recesso, o projeto de resolução visando alterar o regimento interno. O texto deve ser publicado na quarta (29) no Diário Oficial do Legislativo. A tendência é que a convocação ocorra na quinta (30) e a sessão pode acontecer de forma remota, visto que alguns deputados alegam dificuldades para estarem presentes de forma física.
Fonte: política livre
