O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), anunciou que deixará o cargo após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento em um esquema de corrupção com uso de emendas parlamentares. A decisão foi selada durante um encontro entre líderes do União Brasil e a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, nesta terça-feira (8), em Brasília.
Segundo as investigações, Juscelino, à época deputado federal, teria direcionado cerca de R$ 7,5 milhões em verbas públicas para obras no município de Vitorino Freire (MA), governado por sua irmã, Luanna Rezende.
Esquema envolve construtora ligada a aliado preso
As verbas foram repassadas por meio da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), com o objetivo de pavimentar ruas no município. No entanto, os contratos foram direcionados para a empresa Construservice, pertencente a Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo Imperador, amigo de Juscelino e atualmente preso por pagar propinas e atuar como sócio oculto da construtora.
A Polícia Federal concluiu que Juscelino cometeu corrupção passiva, fraude em licitações e organização criminosa. A denúncia da PGR foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que deverá decidir se abre ou não ação penal. O processo corre em sigilo judicial.
União Brasil se mobiliza para manter espaço no governo
Apesar das acusações, o União Brasil manifestou apoio ao ministro, afirmando que Juscelino sempre demonstrou seriedade e competência no cargo. Mesmo assim, o partido já articula um nome para substituí-lo no comando da pasta.
O principal cotado para assumir o Ministério das Comunicações é o deputado Pedro Lucas Fernandes, líder do União Brasil na Câmara. A definição deve ocorrer até esta quarta-feira (9), após reunião entre bancada e direção partidária.
Juscelino nega acusações e diz confiar na Justiça
Em nota, Juscelino negou todas as acusações e afirmou estar confiante de que o STF rejeitará a denúncia por falta de provas. O agora ex-ministro garantiu que sua atuação parlamentar e ministerial sempre foi pautada pela legalidade e pelo interesse público.
Resumo e implicações políticas
A saída de Juscelino Filho representa mais um desafio para o governo Lula na articulação com partidos do chamado “centrão”, especialmente em um momento em que a base aliada busca consolidar maioria no Congresso.
O caso também levanta questionamentos sobre o uso de emendas parlamentares e a fiscalização de recursos públicos destinados a obras em municípios de reduto eleitoral.
DA REDAÇÃO DO EUCLIDES DIÁRIO