A Lua já teve um oceano de magma, e parte dele pode ainda estar presente na superfície do satélite natural, segundo um estudo. O material estaria localizado em uma grande cratera que preserva fragmentos do antigo manto lunar.
A descoberta só foi possível devido a uma colisão antiga da Lua com outro objeto, ocorrida há cerca de 4,3 bilhões de anos. O impacto gerou uma cratera gigante no polo sul lunar, e amostras remanescentes desse evento ainda estão espalhadas pela superfície.
Agora, a esperança é que os astronautas do programa Artemis, cujo objetivo é levar humanos de volta à Lua, possam coletar amostras desse material e trazê-las para a Terra.
“Propomos que o [impacto da] Bacia Polo Sul-Aitken escavou um oceano de magma fino e avançado”, disse Jeff Andrews-Hanna, cientista planetário da Universidade do Arizona, em março, durante a Conferência Anual de Ciência Lunar e Planetária em Woodlands, Texas. “O Artemis coletará amostras do possível material remanescente do oceano de magma.”
O estudo analisou o formato da cratera e o comparou com outras existentes na Lua. Em específico, a pesquisa focou na Bacia Polo Sul-Aitken (SPA). A análise revelou que ela possui um excesso de crosta espessa, cujo volume corresponde aproximadamente à quantidade de crosta ausente na bacia.
Na Bacia SPA, a estrutura em forma de cone está voltada para o sul, um fato que chamou a atenção dos cientistas, já que os depósitos de material se concentram no norte. Anteriormente, acreditava-se que essa disposição indicava um impacto vindo da direção norte.
“Já tínhamos os dados necessários para medir o formato da bacia há muito tempo”, disse Andrews-Hanna. “Só era necessária uma perspectiva diferente para enxergá-la dessa forma.” As informações são do Space.com.

A formação da Lua com oceano de magma foi quente e violenta
Nosso planeta e a Lua se formaram juntos. A colisão da Terra em formação com outro objeto do tamanho de Marte resultou na criação dos corpos celestes que conhecemos hoje.
Por um período, tanto a Terra quanto a Lua se liquefizeram. No entanto, o material derretido começou a cristalizar. Elementos como potássio, terras raras e fósforo não se cristalizaram e, em vez disso, concentraram-se no material fundido.
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No caso da SPA, o estudo concluiu que o oceano de magma vazou após o impacto que formou a cratera.
Quando combinado com outra região no lado próximo da Lua, conhecida como Terreno Procellarum KREEP (PKT), o material da SPA pode revelar detalhes sobre como o satélite era durante sua formação.
Amostras do PKT já foram trazidas em missões anteriores. Já a SPA ainda precisa ser estudada, e isso pode acontecer no programa Artemis, que pousará justamente no polo sul lunar. Embora ainda não confirmado, espera-se que os astronautas coletem amostras da cratera.
De acordo com os cientistas, isso pode revelar não apenas informações sobre a Lua, mas também sobre o nascimento da Terra. “Esperamos determinar a idade precisa da SPA assim que as amostras forem recolhidas”, disse Andrews-Hanna. Isso “nos dará uma data exata para essa fase de cristalização do oceano de magma, preservada pelo impacto.”
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