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Moradores da Lapinha disputam pela melhor decoração das casas no 2 de julho

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Os moradores do bairro da Lapinha, em Salvador, dedicam um esforço especial na preparação para o cortejo de 2 de julho, celebração que marca a Independência do Brasil na Bahia. No bairro em que o desfile oficial tem início na capital baiana, o Bahia Notícias conversou com um grupo de moradores que se dedica anualmente à decoração externa das casas para a comemoração cívica.

 

Dona Marise Oliveira, moradora do bairro, contou ao BN que já realiza a decoração da casa há mais de uma década. “Quando eu vim para aqui, nos anos 2000, eu comecei a botar uma folha de coqueiro”, afirma. “E é uma festa muito bonita, é a independência da Bahia, e não só da Bahia, como de nós mulheres, que sentimos as guerreiras, sentimos todas nós, é um pouco de Maria Quitéria, Maria Felipa, a Joana Angélica.”

 

O que começou como um processo espontâneo, no entanto, foi oficialmente reconhecido pelo edital de concurso de ornamentação das casas, divulgado pela Fundação Gregório de Matos (FGM). Sobre a disputa oficial, Marise conta que a participação já é válida. 

 

“Olha, eu sou aquela que se ganhar é bem-vindo, se não ganhar me encoraja para eu fazer o próximo ano tudo de novo”, conta. “O título desse ano é ‘Eu Sou 2 de julho’, então entra a parte histórica e a cívica, e essas folhas todas eu tenho no meu quintal, tem um pé de coco nativo”, detalha. 

 

A mesma dedicação é empregada na decoração da casa de Sandra Moraes, também moradora da Lapinha. À reportagem, ela e o companheiro definem que a tradição da ornamentação já tem ao menos 24 anos. A fachada chama a atenção pelas artes autorais feitas pelas crianças da família.

 

“Foram feitos pelos nossos sobrinhos-netos, Guilherme e Heitor. Eles fizeram essa arte de punho, ainda colocaram o nome, e é por isso que os pais precisam deixar essas crianças participarem da nossa história. Isso é bom, ter o conhecimento da nossa gente, de onde vem, da batalha. O governo tem que incentivar as escolas a contar a verdadeira importância do 2 de julho, que não é só a independência. Infelizmente, o 2 de julho não é reconhecido em todo o território nacional, que deveria ser um dia de feriado nacional, não só aqui na Bahia”, define. 

 

Foto: Rúbia Mariniello / Bahia Notícias 

 

Para o casal, a ornamentação, assim como o cortejo, deve motivar a participação incessante do povo baiano na política. “É a alegria de mostrar que pode ser feito muito mais ainda, que a liberdade conquistada no passado pode significar a liberdade de um futuro que tá sendo plantado agora. Que as pessoas que estão aqui transitando com seus motivos ou as suas razões, que olhem para fachada, com o cortejo, e vejam o significado”, conclui. 

 

O gestor cultural e presidente da Fundação Gregório de Matos, vinculada à Secretária de Cultura de Salvador, Fernando Guerreiro, defende que essa tradição das decorações precisava ser resgatada. 

 

“A gente retomou esse concurso há quatro anos. Esse ano a gente vai premiar três casas com placas comemorativas. É um trabalho lindo, porque inclusive tem museu vivo, a decoração também utiliza atores, crianças, é uma tradição linda. E vale lembrar também que o Dois de Julho é uma das poucas festas que ainda tem decoração. É uma festa que tem esse lado estético, é muito bonito”, diz o gestor. 

 

Para ele, o incentivo público “é importante, inclusive, justamente para trazer esse pertencimento”. “As pessoas entenderem que o 2 de Julho é feito por todos nós. E a partir do momento que você coloca as figuras, desperta, principalmente no pessoal mais jovem, a curiosidade para pesquisar sobre a festa”, conclui.


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