Com mais de 50 anos de tradição, o bloco das Muquiranas, que desfila com homens travestidos, passa nesta terça-feira (4) pelo circuito Osmar (Campo Grande). Na concentração do desfile, conhecido pela irreverência e bom humor, os adeptos mais tradicionais das Muquiranas comemoraram o fim de um capítulo negativo na história do bloco: as pistolas de água.
O adereço utilizado pelo bloco para compor a “bagunça” e diversão dos foliões ficou conhecido como uma arma — no sentido literal — de assédio e má conduta. Nas ruas, os muquiranas comemoraram o banimento do acessório, decretado em 2023 pela direção do bloco.
O folião Marcos Campos, de 61 anos, conta que, em 22 anos de bloco, as pistolas de água representaram um momento de distanciamento do bloco com o público em geral.
“Eu acho que esse ano pra mim tá voltando a ter graça. Não tem as pistolas. Então, ficou mais animado e da condição das pessoas verem a gente sair. Isso que é muito bom. Antigamente, com aquelas pistolas, espantavam as pessoas. Hoje não, as pessoas vêm ver As Muquiranas passar. Isso que é gostoso”, defende.
Ao lado do amigo, Carlos Augusto, de 48 anos, afirma ainda que o bloco ficou mais organizado depois do banimento. “Resumindo, tá mais organizado. Então, As Muquiranas é uma brincadeira sadia, saudável. E é isso, é alegria”, comenta.
Adriano Santana, de 45 anos, falou ao Bahia Notícias que já frequenta as Muquiranas há 25 anos. Na posição de veterano, ele conta que já foi adepto às pistolas de água, mas há cerca de 5 anos resolveu mudar de acessório para algo que fosse menos ofensivo.
“O que tem de bom nas Muquiranas é a irreverência, a amizade construída ao longo do tempo, entendeu? E essa atmosfera de poder ter uma irreverência diferenciada dos outros blocos”, define.
Sobre as pistolas, ele diz: “A gente se diverte respeitando. Infelizmente, alguns anos atrás, tiveram alguns acontecimentos, porque a gente não pode generalizar e não pode culpar também a todos, né? Porque é um bloco aberto a todos.”
Ele completa: “Agradeço que os associados pararam de trazer a pistola. Eu sei que foi de uma forma pouco dura, mas, graças a Deus, acabou.”
Nas ruas, Adriano chamou a atenção com um “guarda-chuva de calcinhas”. Ele conta que a ideia veio após abandonar as pistolas de água. “Falei, ‘eu acho que eu vou inventar uma coisa que chame a atenção’, e aí, inventei essa ‘sombrinha’. Já tenho 5 ou 6 anos já com ela e graças a Deus, está dando certo”, destaca.
O bloco das Muquiranas desfila tradicionalmente no sábado, na segunda e na terça-feira de Carnaval. Neste terceiro dia, quem comanda a folia no circuito Campo Grande é o cantor Tony Salles.