O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou neste domingo (21) que a criação de um Estado palestino representaria uma ameaça à sobrevivência de Israel. Ele prometeu se opor a qualquer iniciativa nesse sentido durante a próxima Assembleia Geral da ONU, que começa nesta semana em Nova York.
“Também teremos que lutar, tanto na ONU quanto em todos os outros âmbitos, contra a falsa propaganda dirigida contra nós e contra os apelos pela criação de um Estado palestino, que colocaria nossa existência em risco e serviria como um absurdo prêmio ao terrorismo”, afirmou Netanyahu durante reunião de gabinete.
As declarações ocorrem em meio às movimentações de diversos países que se preparam para reconhecer formalmente um Estado palestino nas sessões da Assembleia. Segundo o premiê, “a comunidade internacional nos ouvirá sobre esse assunto nos próximos dias”.
Netanyahu disse que apresentará diante da ONU “a verdade de Israel” e sua “visão de uma paz verdadeira: a paz através da força”. Ele deve discursar na sexta-feira (26) e, no início da próxima semana, se encontrará em Washington com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Na ONU, apresentarei a verdade. É a verdade de Israel, mas é também a verdade objetiva em nossa justa luta contra as forças do mal”, declarou o primeiro-ministro em mensagem divulgada por sua assessoria. Ele descreveu Trump como um “amigo” de Israel e destacou: “Esta será a quarta vez que me reúno com ele desde o início de seu segundo mandato, mais do que com qualquer outro líder mundial”.
Paz com Líbano e Síria
Netanyahu também afirmou que a guerra contra o grupo Hezbollah, no Líbano, abriu novas perspectivas de diálogo na região. “Nossas vitórias no Líbano contra o Hezbollah abriram uma janela para uma possibilidade que nem sequer se imaginava antes de nossas recentes operações: a possibilidade de paz com nossos vizinhos do norte”, disse.
Ele revelou ainda que Israel está “mantendo conversas com os sírios” e que houve “alguns avanços, mas ainda há um longo caminho a percorrer”.
Divisões sobre Gaza
Enquanto Netanyahu evitou se posicionar sobre a anexação de Gaza, declarações do ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, intensificaram o debate interno no governo israelense.
O ultradireitista defendeu o aumento da ofensiva no território palestino. “Precisamos fazer uma anexação da maior quantidade possível de território em Gaza”, afirmou em entrevista à rádio israelense 103fm. “Já falei sobre estabelecer bairros residenciais de policiais em Gaza, de frente para o mar. Se é nosso, devemos dizer com certeza que é nosso. Esta é nossa casa e vamos permanecer nela”.
A comunidade internacional, incluindo ONU e União Europeia, rejeita quase de forma unânime qualquer projeto de colonização em Gaza, considerando que a medida viola o direito internacional e compromete a possibilidade de uma solução de dois Estados.
Internamente, posições como a de Ben Gvir também geram divisões. Setores moderados de Israel alertam que esse tipo de discurso pode isolar ainda mais o país no cenário internacional e desgastar suas relações com Washington, considerado o principal aliado de Jerusalém.
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