O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou líderes que, segundo ele, priorizam interesses pessoais em detrimento do bem-estar da sociedade e da nação. A declaração foi feita nesta segunda-feira (21) durante um evento em defesa da democracia em Santiago, no Chile, em uma fala vista como uma referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Em seu discurso, o presidente brasileiro defendeu que a democracia, por si só, não foi capaz de responder às necessidades contemporâneas. Segundo ele, “o ritual eleitoral a cada 4 ou 5 anos não é mais suficiente” e “o sistema político e os partidos caíram no descrédito”.
Para Lula, a democracia segue ameaçada por aqueles que colocam “seus interesses econômicos acima dos da sociedade e da pátria”. “Nesse momento em que o extremismo tenta reeditar práticas intervencionistas, precisamos atuar juntos. A defesa da democracia não cabe somente aos governos, requer participação ativa da academia, dos parlamentos, da sociedade civil, da mídia e do setor privado”, declarou.
O presidente participou do fórum “Democracia Sempre” ao lado dos presidentes do Uruguai, Yamandú Orsi; da Espanha, Pedro Sánchez; e da Colômbia, Gustavo Petro. No evento, os líderes discutiram o combate às informações falsas e a regulação das redes sociais, temas que, segundo Lula, são cruciais para a proteção dos cidadãos.
“Conversamos sobre o fortalecimento das instituições democráticas e do multilateralismo, em face dos sucessivos ataques que vêm sofrendo. Concordamos sobre a necessidade de regulamentação das plataformas digitais e do combate à desinformação”, afirmou o presidente, que fez uma clara distinção: “Liberdade de expressão não se confunde com autorização para incitar a violência, difundir o ódio, cometer crimes e atacar o Estado democrático de Direito”.
As falas de Lula ocorrem no contexto de recentes embates de seus aliados com o ex-presidente Bolsonaro e Donald Trump. O líder norte-americano, em 9 de julho, anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, justificando a medida como uma resposta à forma como o Brasil tem tratado Bolsonaro. Para Trump, as investigações e o julgamento contra o brasileiro configuram uma “caça às bruxas” que deveria “terminar imediatamente”.
No Brasil, Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Ele também teve medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, que o tornaram inelegível até 2030. Atualmente, Bolsonaro utiliza tornozeleira eletrônica e está proibido de sair de casa em certos horários, além de ter o acesso a redes sociais e o contato com o filho Eduardo Bolsonaro e autoridades estrangeiras restrito.
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