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Nomes para presidência do PT da Bahia pedem correção de rumos e citam desistência de Éden como exemplo de fracasso na renovação do partido

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Cotado para disputar presidência do PT na Bahia, Everaldo Anunciação celebra decisão da direção nacional por eleição direta
Foto: Divulgação/Arquivo
Ex-presidente da sigla no estado, Everaldo Anunciação 16 de março de 2025 | 12:03

Nomes para presidência do PT da Bahia pedem correção de rumos e citam desistência de Éden como exemplo de fracasso na renovação do partido

Nomes que se colocam na disputa pela presidência do PT da Bahia fazem coro ao criticar a condução da legenda nos últimos seis anos, período da gestão de Éden Valadares, cujo mandato é afiançado pelo senador Jaques Wagner (PT). Em linhas gerais, as críticas pairam sobre o processo de renovação do partido, que não teria ocorrido de maneira exitosa, apesar de Valadares representar uma faixa etária mais jovem do PT.

“Nos últimos anos houve uma tese de renovação, mas que foi fadada ao fracasso, prova disso é que o próprio presidente não é candidato à reeleição”, diz Gutierres Barbosa, presidenciável e atual Coordenador de Desenvolvimento Regional do partido na Bahia.

Soma-se a isso, queixas de que houve um enfraquecimento do partido, ao passo que siglas aliadas conseguiram ganhar musculatura, além de uma avaliação de que o PT teria se afastado das suas bases.

“Sou pré-candidato pelos rumos errados que tenho visto no PT da Bahia. Em vez de defender o partido, se constrói governos fortes e deixa o partido fraco. Prova disso foi o resultado das eleições de 2024, os aliados saíram vitoriosos e o PT enfraquecido. E a direção estadual acha que está tudo bem”, afirma Rodrigo Pereira, que também coloca o nome no páreo.

A corrida presidencial do partido ganhou um fôlego adicional desde que Éden Valadares antecipadamente desistiu de buscar a reeleição. Uma pesquisa interna, apontando que ele teria larga desvantagem, teria sido um dos motivos do recuo preventivo, segundo confidenciou um correligionário à reportagem do Política Livre.

 

Nesta quinta-feira (13), a direção do PT confirmou as candidaturas de Elen Coutinho, Liu Durães do MST e Sandro Magalhães. Pelo menos outros quatro nomes se colocam na condição de pré-candidatos. São eles: Gutierres Barbosa, Rodrigo Pereira, Edizio Nunes e o ex-presidente Everaldo Anunciação.

Desde que a desistência foi formalizada, o grupo de Éden enfrentava dificuldades para encaminhar um candidato a sucessor. Um dos nomes ventilados foi o do secretário de Justiça e Direitos Humanos, Felipe Freitas, que teria declinado da proposta. Depois dele, surgiu a aposta em Sandro Magalhães, ex-vereador e presidente do PT em Serrinha, mas havia um impasse paroquial entre ele e Osni Cardoso, deputado estadual licenciado, secretário de Desenvolvimento Rural e uma das principais lideranças petistas na região.

Everaldo Anunciação sinaliza que colocou o nome à disposição por ter sido lembrado por uma ala de correligionários e que está pronto para o desafio “se essa for uma compreensão de que eu posso ajudar a reoxigenar o partido”.

“A nova direção do PT tem que trazer alguém que conheça essa vida partidária e tenha disposição de construir. A inovação não pode significar uma aventura, tem que ser uma consolidação das experiências do passado e um olhar para o futuro. O novo não está ligado necessariamente à idade. Não me sinto cansado nem ultrapassado. Estou com muita energia para continuar ajudando o partido. Essa disposição ninguém vai me tirar”, emenda.

Elen Coutinho, que disputou a presidência contra Éden e teve 40% dos votos em 2019, adverte, todavia, que “ir por esse caminho, de apostar na não renovação do partido é apostar em seu declínio”.

“O tempo biológico é incontestável e inexorável. Se nós petistas queremos que a luta por justiça social, dignidade para o povo sigam vivas, o PT precisa ter futuro — e falar de futuro […] A direita já soube renovar-se dessa forma: jovens com velhas práticas são o novo rosto do conservadorismo. A renovação da esquerda precisa ser política”, argumenta.

“Acho que a gente precisa agregar esses segmentos que construíram o PT unindo com a juventude, com a força social, com a juventude, com os novos movimentos sociais, com os movimentos religiosos. Enfim, acho que dá para a gente agregar, é uma tarefa nossa para o próximo período”, avalia Gutierres.

Segundo Everaldo, a atual gestão deixou margem para o distanciamento das bases. “Quando fui presidente não tratei das relações pela internet, fui aos municípios”.

A tese também é sustentada por Rodrigo Pereira, que é mais incisivo. “O partido precisa ter relação cotidiana com os sindicatos e com os movimentos sociais. É preciso devolver o partido para a militância. O atual presidente é mais assessor do senador do que presidente do partido”.

A unanimidade entre eles é que, seja quem for o escolhido no Processo de Eleição Direta (PED) no dia 6 de julho, a prioridade é criar as condições para reeleger presidente Lula e o governador Jerônimo Rodrigues.

Para Elen Coutinho, a direção do PT precisa reequilibrar seu papel entre orquestrar a composição da coalizão, sem perder o protagonismo como a principal força política.

“Para isso, é fundamental que a direção partidária esteja comprometida com o fortalecimento do PT nos municípios, a ampliação da base social do partido e a disputa ideológica sobre o modelo de desenvolvimento que defendemos. Reconstruir a força do PT é uma necessidade evidente. Basta olhar para a ocupação de espaços nos executivos municipais e nos legislativos, tanto municipais quanto estadual, para perceber que qualquer petista reconhece a urgência de um reposicionamento da direção do partido”, aponta.

A reportagem tentou contato com Liu Durães do MST, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. Edizio Nunes, um dos quadros históricos e mais respeitados do partido, que já participou de várias gestões, confirmou apenas que está na condição de pré-candidato.

Leia também: Direção do PT diz que partido já tem três candidatos à sucessão de Éden

Política Livre




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