A nova denúncia do Ministério Público da Bahia (MP-BA) contra o deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha, aponta que o parlamentar continuou exercendo a liderança do grupo mesmo após a deflagração da Operação El Patrón pela Polícia Federal.
Segundo o MP-BA, a organização criminosa armada é investigada por lavagem de capitais, exploração clandestina de jogos de azar, agiotagem, extorsão majorada, receptação qualificada, e embaraço à investigação.
Um dos pontos usados pelo Ministério Público para corroborar a continuidade das atividades ilícitas foi estabelecer o contexto histórico e a solidez da hierarquia na ORCRIM, estabelecendo a posição de comando do deputado: registros mostram que os atos praticados só são executados com a autorização expressa dele.
LEIA TAMBÉM:
Nesse contexto, foram encontrados diálogos no celular de Jorge Vinícius de Souza Santana, “Piano”, considerado o principal operador financeiro do grupo, que reforçam as provas de que Binho Galinha é o “líder-maior”. Nas conversas, Piano recebia os valores ilicitamente auferidos e posteriormente dividia os ganhos com o casal Kléber Cristian (Binho) e Mayana Cerqueira (esposa do deputado).

Em um dos registros encontrados, Piano fala “expressamente sobre o depósito de valores nas contas” de Binho Galinha, ao confirmar as informações e o recebimento. O MP também aponta que o deputado chegou a fornecer o próprio CPF como chave Pix. Também é indicado que, na divisão de valores, os lucros são expressivamente destinados a Binho, cabendo a Jorge Piano uma fração muito menor.
Na mensagem em questão, de um total de R$ 160 mil, R$ 155.230 foi destinado ao chefe da organização, ficando o restante, apenas R$ 4.770, com o operador financeiro. Em outra conversa, Piano repassa valores prestando contas dos lucros obtidos com o ponto de apostas sob a responsabilidade de Kléber Herculano de Jesus, o Charutinho – morto após deixar a prisão no último mês de julho.

Ainda na esteira de funcionamento das atividades, a Polícia Federal apurou que, após o bloqueio das contas bancárias de Mayana Cerqueira e João Guilherme (filho de Binho Galinha), ambos passaram a contar com o apoio de Cristiano de Oliveira Machado, que assumiu a responsabilidade de receber, em sua própria conta, os valores oriundos de atividades ilícitas, realizando posteriormente a pulverização desses montantes.

Ele é apontado como componente do núcleo financeiro da ORCRIM e “laranja”. Segundo as investigações, ele atuaria como “longa manus” de Mayana, operando em nome da acusada na gestão e pulverização de recursos financeiros da organização após o bloqueio das contas.
Também foi constatado que, no mês de março de 2024, já após grande divulgação e repercussão da operação “El Patrón” e da prisão de alguns dos principais membros da organização criminosa, Cristiano passou a exercer a função de realizar cobranças relativas aos lucros obtidos com os pontos de apostas ilegais. Essas cobranças se mantiveram ao longo do mês de abril de 2024, o que evidencia a continuidade das atividades criminosas sob a anuência do líder.
NOVOS ELEMENTOS
No dia 29 de junho de 2024, durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão expedidos no bojo da Operação Hybris III foi encontrado na residência do denunciado um veículo Toyota Corolla Cross, 2021/2022, placa RPD 1J66, que segundo Ministério Público, estivesse em nome de terceiro, pertencia a Binho Galinha. Isso porque no interior do carro foram encontrados itens pessoais somente de Binho e de João Guilherme, inclusive a identidade funcional do primeiro como parlamentar.
O uso de “laranjas” para ocultar a verdadeira titularidade de bens, configura uma prática reiterada no âmbito do grupo criminoso, especialmente por parte de Kléber Cristian e seus familiares. Ainda conforme a denúncia, a conduta reforça as provas de que ele continuou a usufruir dos bens oriundos de atividades ilícitas, além de evidenciar que permanece exercendo a liderança sobre a organização criminosa.
A Polícia Federal constatou, ainda, que Mayana Cerqueira continuou exercendo suas funções nos negócios ilícitos da organização, mesmo após ter sido presa preventivamente e posteriormente colocada em prisão domiciliar — medida concedida em virtude de ser mãe de uma criança menor de idade –, como as negociações à frente da loja TendTudo, mesmo com decisão judicial que tinha suspendido o exercício das atividades econômicas.
Foi verificado que ela, por intermédio da rede de colaboradores do grupo criminoso, tem adotado estratégias para manter os fluxos financeiros de seus interesses, se valendo de “laranjas” para operacionalização de suas atividades, configurando novos episódios de lavagem de dinheiro.
Descubra mais sobre Euclides Diário
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.






 
 
  
  
 






 
								 
								 
								