N/A

Nova era do Axé? Banda Swing Neural cria músicas através da Inteligência Artificial

7 views
Nova era do Axé? Banda Swing Neural cria músicas através da Inteligência Artificial

Esqueça São Longuinho na hora de pedir ajuda para buscar algo, especialmente se for um talento. Na era digital, o “santo” que tem ajudado as pessoas nessa missão, que pode ser árdua para alguns, é a tecnologia, mais precisamente a inteligência artificial.

 

Vista como uma grande vilã para alguns, foi a IA que deu ao cientista da computação Rafael Bittencourt, a ideia de criar a banda Swing Neural, que apresentou no início desta semana uma revolução no campo do Axé, ao criar músicas do movimento através da tecnologia.

 

Para quem acompanha a cultura oriental, sabe que a música feita de forma artificial não é uma novidade. O VOCALOID, que é um software de síntese de voz apoiado pela Yamaha Corporation, deu ao público artistas acompanhados por diversos admiradores, criado de forma virtual, como Hatsune Miku.

 

Mas, trazendo para a realidade brasileira e soteropolitana, a Swing Neural surpreende por conseguir colocar os elementos do “guarda-chuva” axé em uma música 100% IA, especialmente pelas especificidades de um ijexá, um samba-reggae e suas células.

 

Através dos softwares OpenAI o1 Pro e Suno, a banda já lançou oito músicas. A canção ‘Chama da Bahia’ chegou a ganhar um videoclipe com imagens geradas através da inteligência artificial Sora. 

 

 

Em entrevista ao Bahia Notícias, o professor explicou que o projeto faz parte de algo maior. A banda surgiu no final do ano passado com a ideia de utilizar inteligências artificiais para a criação de músicas. O baiano criou a Swing Neural como uma homenagem aos gêneros musicais do estado. 

 

“Sempre gostei muito do Axé, sempre gostei muito do carnaval. Então quando eu fui pensar no projeto para criar essa banda virtual, não me veio na cabeça senão criar uma banda que misturasse os ritmos baianos. O afro-reggae, o axé, o pagode baiano, o arrocha, um samba-rock… então a ideia foi criar esse estilo baiano para eu me conectar”, contou o professor, que faz parte da comunidade IAnovadores.

 

Conforme Bittencourt, a criação das músicas envolveu tanto os softwares de IA, quanto a criatividade dos membros do projeto. O software OpenAI o1 Pro foi utilizado para refinar as letras, enquanto no Suno foi gerado as melodias e os ritmos através de pedidos da equipe. 

 

“Não foi uma coisa de primeira”, declarou o professor. “O Swing Neural tem outras músicas de samba-reggae, já está no Spotify, e tem outras músicas também. Então foi meio que experimentação. A gente ia tentando colocar os ritmos. Por exemplo, no Suno, ‘coloque como um pagode baiano, pagode baiano com Axé, e então samba-rock com a pegada de repercussão’. Enfim, então foram várias interações até chegar a um ritmo que ficasse ali, digamos assim, atendesse as expectativas”, explicou. 

 

DIREITOS AUTORAIS
Para o site, Bittencourt, que também é bacharel em Direito, falou ainda sobre um tópico que perturba os profissionais da música com a evolução da tecnologia: direitos autorais. Ao BN, ele explicou como funciona a questão dentro da inteligência artificial.

 

Mesmo geradas com o auxílio de inteligência artificial, Bittencourt explicou que as músicas são registradas da maneira correta para garantir os direitos autorais de seus compositores. “Se você usa uma ferramenta que tem uma política de exploração comercial, como faz um chatGPT, em um Suno, você detem a propriedade daquilo que é gerado porque a IA não cria nada sozinho”, esclareceu. 

 


Foto: Reprodução / Spotify

 

Em seus trabalhos, nas redes sociais ou na comunidade IAnovadores, o professor explica o direito do compositor de registrar sua canção em plataformas como Gov.Br, por se tratar de um serviço gerado através de um software pago. Com mais de 29 mil seguidores no Instagram, o professor, especialista em IA e Ciência da Computação, compartilha com a comunidade sobre tipos de inteligência artificial e prompts, utilizados para gerar os matérias através dos softwares. 

 

Rafael ressalta que a ideia do projeto é mostrar como as inteligências artificiais podem ajudar profissionais da música em suas produções artísticas. “A história já nos mostrou que não adianta ficar lutando contra a tecnologia porque a tecnologia acaba avançando. Então a ideia do projeto é justamente mostrar como pessoas, que têm informação e busca a composição, podem usar isso para criar e dar a vida as suas criações musicais”. 


EXPECTATIVAS
Com as músicas sendo lançadas em janeiro de 2025, a banda virtual chama a atenção por sua temática relacionada ao verão e ao Carnaval, que se aproxima. Tendo as temáticas próximas com as músicas trabalhadas por artistas conhecidos para o Carnaval de Salvador, Rafael revelou qual cantor gostaria de escutar cantando uma das músicas da Swing Neural.

 

“Quando eu criei ‘Chama da Bahia’, eu só imaginei essa música se fosse cantada por Saulo. Eu acho que ficaria excelente na voz dele. Eu acho que pra mim seria uma realização, se ele cantasse essa música, né? Porque a ideia de fato não é substituir o cantor, eu acho que as pessoas se conectam por pessoas, né? É a ideia de fato é poder dar asas para a criação, criatividade e mostrar como essa música seria legal”, explicou. 

 

Segundo o especialista, seria ‘excelente’ se as músicas do Swing Neural caíssem na boca do povo. “Se eventualmente algum artista quisesse cantar, eu acho que seria uma maneira de mostrar como a tecnologia pode ser uma aliada e não somente uma vilã”.



Descubra mais sobre Euclides Diário

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Rolar para cima