A temporada passada marcou um ponto de virada para o elenco comandado por uma comissão técnica que apostou na mescla entre juventude e experiência. Na Série A3 do Brasileirão, o Vitória avançou até a semifinal com uma campanha consistente, superando adversários difíceis com uma solidez defensiva e capacidade de decisão em jogos fora de casa.
A eliminação para o Paysandu, nos pênaltis, foi dura, mas não ofuscou o mérito da equipe, que garantiu o acesso mesmo sem chegar à final. No confronto, o Rubro-Negro reverteu a desvantagem do jogo de ida – derrota por 2 a 0 – ao vencer pelo mesmo placar no Barradão, mas foi derrotado por 3 a 1 nas penalidades.
Com a classificação à Série A2, o clube deu início a um novo planejamento. A pré-temporada foi marcada por ajustes táticos, reforços pontuais e foco no condicionamento físico. O objetivo agora é claro: consolidar-se na segunda divisão nacional e brigar por uma das quatro vagas de acesso à elite do futebol feminino.
A última campanha consolidada do Vitória pelo Brasileirão Série A1 foi em 2019. Na ocasião o Rubro-Negro ficou na 9ª colocação, que não deixou a equipe em uma situação de risco e nem em classificação para fase mata-mata, apesar das Leoas terem chegado próximo da zona de playoffs. Apenas cinco pontos separaram o time baiano da segunda etapa da competição.
As Leoas não disputam a elite do futebol feminino brasileiro desde 2020. A campanha pelo Brasileirão daquele ano foi melancólica. Em 15 partidas, a equipe foi derrotada em todas oportunidades, marcando apenas 2 gols e sofrendo 54.
Em 2021, as Leoas de Canabrava foram eliminadas logo na primeira fase da Segunda Divisão Nacional. No ano seguinte, mesmo com a criação da Terceira Divisão Nacional do futebol feminino, o Vitória não disputou a competição, assim como aconteceu em 2023. A queda do futebol disputado pelas mulheres no time rubro-negro também é uma ferida do momento que o clube vivia institucionalmente em diversas áreas estruturais da agremiação.
REESTRUTURAÇÃO E INVESTIMENTO
Em meio a uma ampla reformulação estrutural do Vitória, o clube destinou mais de R$ 2 milhões ao futebol feminino para a temporada de 2025. A coordenadora Maniele Gleize destacou a importância desse aporte.
“Estamos com a previsão de um investimento de mais de R$ 2 milhões somente no futebol feminino. Sobre o planejamento e as contratações, também estamos com a expectativa de reforçar o time. Vamos disputar uma série A2, que não vai ser fácil“, disse a coordenadora.
Maniele Gleize também enalteceu a construção de um CT exclusivo para a categoria feminina. Para ela, é uma evolução, visto que no passado, as atletas nem entravam no clube.
“O futebol feminino do Vitória foi criado como um projeto em 2015. Eu participei do processo, eu não era coordenadora ainda, trabalhava em outro setor. Eu via que as meninas nem entravam no clube, elas passavam por uma portaria, que hoje está desativada, entravam numa casinha que era uma rouparia improvisada e depois iam para o campo. Depois das atividades no campo, voltavam para a casinha, trocavam de roupa e iam embora. Então ver isso hoje é perceber uma evolução muito grande, que as meninas têm todo acesso as instalações do clube, têm direito a todos departamentos. São ‘pequenas’ coisas que fazem muita diferença para a gente, são passos para que a gente conquiste coisas maiores”, declarou Many Gleize.
Além da novidade do CT exclusivo e o investimento de R$ 2 milhões, o time feminino do Vitória ganhou um novo patrocinador master, a Fatal Model.
Na última terça-feira (8), o clube anunciou a nova parceria entre a equipe feminina e o site de acompanhantes. A coordenadora ressaltou que o acerto é bem-vindo para a direção, além de acrescentar a “ótima relação” diária como um fator que fortaleça o vínculo.
“O patrocínio da Fatal Model é bem-vindo para a gente. Porque a Fatal Model já é um patrocinador do clube. Já ocupou a manga, agora é a frontal. É o Master 2 do clube e a gente já tá tão familiarizado com a Fatal, a gente já tá tão assim no dia a dia, tendo entregas e demandas com eles, que para a gente é muito normal. Para a gente é comum, temos uma relação ótima com a Fatal”, declarou Many.
Foto: Divulgação / Esporte Clube Vitória
A equipe manteve a base que garantiu o acesso em 2024, com destaque para a meio-campista Geisi, artilheira do Campeonato Baiano com 23 gols. Além disso, o clube reforçou o elenco com contratações estratégicas, visando maior competitividade na Série A2.
RETROSPECTO E ADVERSÁRIOS
A estreia do Vitória na Série A2 está marcada para o próximo domingo, 20 de abril, às 18h, contra o Rio Negro, no Estádio Canarinho, em Boa Vista.
Many afirmou que é normal existir um nervosismo no início de temporada, principalmente quando se trata de uma competição nacional. A coordenadora também citou o fato de nunca terem enfrentado algumas equipes, caso do Rio Negro, adversário de um confronto inédito para as Leoas.
“Sempre há uma ansiedade, né? Principalmente porque são times que a gente nunca enfrentou. Como esse time [Rio Negro], gente nunca jogou contra ele. A gente sabe que o ano passado eles estavam na Série A3 também, só que ele faziam parte de outra chave. Então a gente não teve oportunidade de jogar contra. Então é uma surpresa para eles, assim como é uma surpresa para gente também”, disse a Maniele.
O Vitória integra o Grupo B da competição, ao lado de Ação (MT), Fortaleza, Itacoatiara (AM), Mixto (MT), Paysandu, Remo e Rio Negro (RR). Na segunda rodada, as Leoas reencontram o Paysandu, adversário que as eliminou na semifinal da Série A3 em 2024, em partida marcada para o dia 26 de abril, às 15h, no Barradão.
Com uma base consolidada, reforços pontuais e um investimento significativo, o Vitória busca não apenas o acesso à elite do futebol feminino, mas também se colocar como a principal força no cenário estadual, almejando o título do Campeonato Baiano, que não conquista desde 2018.
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