Existe um dizer popular que basicamente se resume a: você pode fazer tudo que você quiser na sua vida… algumas coisas só uma vez. Franz Reichelt deve ter ignorado o conselho quando, em 1912, pulou do alto da torre Eiffel para testar sua mais nova invenção.
Essa história não começa no século XX, mas sim mais de 100 anos antes, em 1797. Foi neste ano que outro inventor fez os primeiros testes com outra “bugiganga” aérea. André-Jacques Garnerin, também francês, realizou em 22 de outubro o primeiro salto de paraquedas da história.
Garnerin pulou de um balão de ar quente apenas com um dispositivo feito de seda, que ele mesmo havia desenhado e fabricado. Apesar da dificuldade durante o voo e da multidão o assistindo, André sobreviveu à queda no meio de Paris para todo o público testemunhar.
História de Franz Reichelt
Franz, inspirado pelo compatriota, não teve o mesmo êxito. Antes de saber como foi o dia do voo de Reichelt, vamos entender como ele chegou até aquele momento.
O austríaco-francês era um inventor e artesão que nasceu em 1878, na cidade de Štětí, onde hoje é a Tchequia. Ele foi a primeira pessoa na história a voar de uma plataforma de baixa altitude com um traje planador, nota-se que voar não significa pousar.
Como citado anteriormente, Franz foi influenciado pelo feito de Garnerin e resolveu criar sua própria invenção. O objetivo do projeto era fornecer aos pilotos do exército uma alternativa leve que eles poderiam usar dentro dos aviões que os faria chegar ao chão em segurança em caso de queda. Segundo o portal IFLScience.
Design e projeto do traje planador
O design consistia em traje dobrável de seda, visualmente, o traje lembra asas de morcego ou uma capa estendida. Ele contava também com estruturas rígidas (provavelmente hastes metálicas ou de madeira) que dão forma às “asas” e sustentam o tecido.
Essas asas são conectadas aos braços e ao tronco do usuário por meio de cintas e correias, deixando o traje bem ajustado ao corpo. Nas costas, há uma estrutura vertical que se estende acima da cabeça, provavelmente para estabilização e sustentação adicional do tecido durante o voo.
Ele acreditava que o planador seria o suficiente para impedir uma queda violenta, fazendo os pilotos aterrissarem com segurança. Franz também achava que seu projeto seria capaz de evitar quedas de baixas altitudes.
“Minha nova invenção não se parece com nada que já exista,” disse Reichelt ao Le Petit Journal, segundo o All That’s Interesting. “O ‘paraquedas’ se abre durante uma queda e salvará a vida de um piloto”, completou o piloto.
Testes e fase de planejamento
Franz testou o traje algumas vezes antes de levá-lo a prova de fogo. Os testes consistiam em vestir bonecos com o traje planador e arremessá-los de uma plataforma de 10 metros de altura. Como esperado, os coitados sem-vida apenas se espatifavam no chão sem muita cerimônia.

Mas nada que abalasse o inventor, pois ele apenas não tinha acesso a uma plataforma de lançamento mais alta e quando o traje fosse testado da forma como ele imaginava tudo daria certo, não é mesmo?
Caso ele conseguisse voar de um lugar mais alto, as asas iriam se abrir e desacelerar a descida. Mas em que lugar de Paris seria possível “decolar” de tão longe do chão? A resposta para o francês era clara, a torre Eiffel.
O dia do salto de Franz
Com o plano em mente, Reichelt convocou imprensa, amigos, família e claro, todo mundo que quisesse presenciar o primeiro voo com traje planador da história. Todos se reuniram em frente ao principal monumento parisiense para testemunhar o feito histórico.
No domingo, 4 de fevereiro de 1912, Reichelt reservou um horário na Torre Eiffel para testar sua invenção. As autoridades acreditavam que seu plano era lançar outro boneco do primeiro nível da torre, de uma altura de cerca de 57 metros.

Era o que acreditava o público também, foi um choque quando Franz se posicionou no deck sem nenhum de seus “companheiros de teste” à vista. “Quero fazer o experimento eu mesmo e sem truques,” disse ele às autoridades, “pois pretendo provar o valor da minha invenção.”
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Enquanto seus amigos tentavam o convencer de que aquilo era uma má-ideia, o inventor permanecia obstinado. Foi então que, exatamente às 8h22 da manhã, Franz realizou seu salto em meio a uma enorme multidão que presenciou o homem atingindo o solo com velocidade para sua inevitável morte.
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