Nos últimos anos, a computação quântica deixou de ser apenas um conceito restrito a cientistas e começou a ganhar espaço no noticiário tecnológico. Termos como “qubits” aparecem cada vez mais em matérias sobre inovação, mas ainda geram dúvida em grande parte das pessoas. Afinal, o que exatamente são qubits e por que eles são tão importantes para o futuro da tecnologia?
Enquanto os computadores tradicionais funcionam a partir de bits (zeros e uns organizados em cadeias lógicas), os qubits representam uma evolução radical desse modelo.
Eles aproveitam as propriedades da mecânica quântica para armazenar e processar informações de forma muito mais eficiente e complexa. Isso significa que problemas que levariam séculos para serem resolvidos em supercomputadores clássicos podem ser solucionados em minutos ou até segundos em máquinas quânticas.
Vamos explicar de forma simples o que são qubits, como funcionam e por que são considerados a chave para a próxima revolução tecnológica.
O que são qubits?
Qubits, abreviação de quantum bits, são as unidades básicas de informação na computação quântica. Enquanto o bit tradicional só pode assumir os valores 0 ou 1, um qubit pode existir em múltiplos estados ao mesmo tempo, graças a um princípio chamado superposição quântica.

Na prática, isso significa que um qubit pode ser 0, 1 ou uma combinação de ambos simultaneamente. Essa característica permite que computadores quânticos realizem cálculos paralelos em uma escala incomparável aos sistemas convencionais.
Outra propriedade fundamental dos qubits é o emaranhamento quântico. Quando dois qubits estão emaranhados, o estado de um influencia diretamente o outro, mesmo que estejam separados fisicamente. Essa conexão cria possibilidades de processamento que desafiam as limitações clássicas.
Como os qubits funcionam na prática
Diferente dos bits tradicionais, que são armazenados em transistores de silício, os qubits podem ser criados de várias maneiras:

- Íons aprisionados: átomos controlados por campos magnéticos e lasers;
- Supercondutores: circuitos que operam em temperaturas extremamente baixas;
- Fótons: partículas de luz usadas para representar estados quânticos.
Cada tecnologia tem vantagens e desafios. Por exemplo, sistemas supercondutores já são explorados por empresas como Google e IBM, mas precisam ser resfriados quase ao zero absoluto para funcionar.
O grande desafio da computação quântica é a decoerência, ou seja, a perda do estado quântico devido a interferências externas. Manter os qubits estáveis exige ambientes extremamente controlados e sofisticados.
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Por que os qubits são importantes?
A principal vantagem dos qubits é a capacidade de processar informações em paralelo. Enquanto um computador clássico precisa testar cada possibilidade de forma sequencial, um computador quântico pode explorar múltiplas soluções ao mesmo tempo.
Isso abre caminho para aplicações em áreas como:
- Criptografia: quebrar códigos considerados inquebráveis pelos padrões atuais;
- Inteligência Artificial: treinar algoritmos de forma exponencialmente mais rápida;
- Descoberta de novos materiais: simulações químicas complexas;
- Finanças: otimização de investimentos e análise de riscos.
Empresas de tecnologia e governos estão investindo bilhões em pesquisa justamente porque os qubits prometem resolver problemas que estão além do alcance da computação tradicional.
O futuro da computação quântica
Apesar do enorme potencial, a computação quântica ainda está em fase experimental. Os computadores quânticos de hoje possuem poucos qubits estáveis e não conseguem substituir os sistemas convencionais em tarefas do dia a dia.

No entanto, o avanço tem sido rápido. Em 2019, o Google anunciou ter atingido a chamada supremacia quântica, resolvendo um cálculo específico em minutos que levaria milhares de anos em um supercomputador. Desde então, outras empresas e centros de pesquisa também têm registrado progressos importantes.
A expectativa é que, nas próximas décadas, os qubits deixem de ser apenas um conceito de laboratório e passem a integrar soluções comerciais. Em áreas como medicina, segurança cibernética e inteligência artificial, o impacto pode ser comparado ao surgimento da própria internet.
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