Overclean: grupo desviou milhões para obras invisíveis no Brasil

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As irregularidades começaram a ser detectadas a partir da execução de um pregão eletrônico de 2021, que contratava serviços de engenharia

A Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU), desmantelou, por meio da Operação Overclean, um esquema criminoso que envolvia superfaturamento, obras mal feitas e, em alguns casos, inexistentes, em várias cidades da Bahia e outros estados do Brasil. O esquema, que se concentrou em contratos de pavimentação e infraestrutura de vias urbanas e rurais, revela como recursos públicos foram desviados para beneficiar empresas e agentes corruptos.

As irregularidades começaram a ser detectadas a partir da execução de um pregão eletrônico de 2021, que contratava serviços de engenharia para revestimento primário e asfáltico em vias públicas, principalmente em estradas vicinais e áreas urbanas de pequenos povoados.

As obras investigadas não se restringem à Bahia, mas se estendem a diversos municípios no estado e outros estados brasileiros, incluindo Goiás e Tocantins. As principais cidades e estados envolvidos nas investigações incluem:

Bahia


Rio Real (BA): a empresa investigada Allpha Pavimentações foi flagrada utilizando relatórios fotográficos falsificados, com imagens de obras realizadas em outras localidades, para justificar o pagamento de serviços de pavimentação que, na realidade, nunca foram executados.

Jequié (BA): o grupo inflacionou os volumes de asfalto e outros materiais nas medições, o que resultou em superfaturamento. As medições indicavam quantidades de material muito maiores do que as realmente utilizadas, o que levou a pagamentos indevidos.

Itaberaba (BA): apesar de concluída, a pavimentação mostrou-se de péssima qualidade, com buracos e rachaduras visíveis em menos de três meses após a finalização, o que indicava falhas na execução dos serviços.

Itapetinga (BA): assim como em outras cidades, o dimensionamento das ruas foi feito de forma incorreta, o que gerou superfaturamento. Muitas obras mal executadas e pagamentos indevidos foram identificados.

Juazeiro (BA): a Allpha usou fotos de obras realizadas em Juazeiro para falsificar a execução de serviços em Rio Real, comprovando o uso de documentos fraudulentos para justificar pagamentos de obras que não ocorreram.

Estados


Embora a maioria das irregularidades tenha sido concentrada na Bahia, o esquema se estendeu a outros estados. Entre as localidades fora da Bahia, destacam-se:

Goiás (Senador Canedo): indícios de direcionamento de licitações para a Allpha Pavimentações também foram encontrados em Goiás, onde a empresa tentou manipular licitações para garantir contratos fraudulentos

Tocantins: a investigação apontou a possível atuação da organização criminosa em contratos envolvendo a Secretaria de Educação do Estado de Tocantins.

Uma tabela obtida pela coluna mostra os locais que o grupo estava operando ou em fase de expansão:

Integrantes do núcleo central do grupo eram identificados apenas pelas iniciais. Veja como era a estrutura da quadrilha:

Como as obras eram executadas (ou não)

As obras executadas pela Allpha Pavimentações eram caracterizadas por irregularidades estruturais e de qualidade, além de superfaturamento.

A investigação também revelou que políticos e servidores públicos, incluindo o ex-coordenador do Dnocs na Bahia, Lucas Maciel Lobão Vieira, estavam envolvidos no esquema de direcionamento de licitações, recebendo propinas em troca de favorecimento à Allpha Pavimentações.

Fonte: Metropoles

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