A notícia de que a mãe de Marília Mendonça, Dona Ruth, exigiu que o pagamento do seguro do acidente fosse feito de forma desigual entre as 5 vítimas gerou um grande debate nas redes sociais na noite desta segunda-feira (7). Após a divulgação do acordo pelo jornalista Ricardo Feltrin, mais informações sobre o caso vieram à tona, e um dos primeiros a se manifestar foi o pai do produtor baiano Henrique Ribeiro, conhecido como Henrique Bahia.
Segundo o jornalista, o valor de mais de US$ 200 mil de seguro para cada passageiro foi pago por uma empresa responsável pela locação da aeronave, e a quantia seria distribuída entre os familiares das vítimas. Contudo, Dona Ruth, ao tomar conhecimento do total de US$ 1 milhão, convocou os familiares e exigiu metade do valor, ou seja, US$ 500 mil, sob a alegação de que a vida de Marília era mais importante.
De acordo com os familiares do produtor, a proposta foi aceita após serem praticamente coagidos pela mãe da artista, que teria afirmado que poderia acionar a justiça e “arrastar” o recebimento do seguro pelos familiares das vítimas. Em contato com o Bahia Notícias, o pai de Henrique Ribeiro, George Costa, contou que o acordo foi firmado de maneira extrajudicial, com Ruth mantendo contato apenas por meio de advogado. Segundo ele, houve um receio por parte dos familiares das vítimas que o seguro demorasse de ser recebido caso fosse levado para a Justiça.
“Eu aceitei na época porque não adianta você receber mais daqui a 10 anos e você não dar um bom estudo, uma boa condição e uma base para as crianças. A seguradora em momento algum se negou a pagar. Houve um acordo, todos aceitaram, assinaram e tal. Foi extrajudicial, você acorda, mas não gera um processo. Então todo mundo assinou um documento e a seguradora pagou na conta de um”, disse George.
George com o filho, Henrique Bahia
Henrique deixou o filho Bernardo, que na época do acidente tinha apenas 8 anos. No final de 2023, a família do produtor entrou em um acordo sobre o pagamento de uma pensão vitalícia para o menino, a ser paga pela empresa Sentimento Louco Produções Artísticas, responsável pelo espólio da sertaneja.
A reportagem questionou se o caso poderia ser levado para a Justiça para reivindicar o restante dos valores do seguro, mas, sobre situação em específico, o pai de Henrique afirmou que preferia deixar “as coisas como estão”.
“O que pode ser feito é ao nível de consciência. Se ela chegar e falar: ‘Realmente, não tinha necessidade disso’. Chamar todo mundo e fazer um novo acerto. Mas assim, acionar a Justiça, eu não entraria. Para mim já deu. Se ela chegar e falar que merecer mais tanto, esse dinheiro nem é meu, vai na conta do menino [o filho de Henrique]”, disse.
Ao BN, George reforçou a relação próxima que o filho tinha com a cantora. “Quem define tudo isso chama-se Henrique – de Henrique e Juliano – que diz: ‘Olhe, agradeça 50% do sucesso de Marília no palco a Henrique Bahia, porque ele era os olhos dela’. Você sabe que ela não enxergava nada no palco, né”, comentou. O pai do produtor relembrou que Bahia trabalhou com Cristiano Araújo até o acidente que vitimou o cantor, em 2015, e logo depois começou a trabalhar com Mendonça: “O primeiro show de Marília foi ele que produziu, lá no Pará”.
George ainda falou sobre a saudade do filho, e agradeceu pelo apoio que recebeu desde a tragédia. “Eu ganhei filhos e sobrinhos no Brasil todo. Acredite se quiser: eu até hoje eu não encontrei uma pessoa pra dizer ‘aquele cara era um sacana’. Conheci pessoas aqui, em Goiânia, Brasília… mandando mensagem. ‘Pô, Henrique me ajudou’. O cara plantou só o bem, eu vou fazer o quê? Agradecer por ele ter participado da minha vida, viver 32 anos sendo meu filho”, completou.
O ACIDENTE
Marília Mendonça morreu aos 26 anos após a queda de um avião de pequeno porte em 5 de novembro de 2021. A aeronave, um bimotor Beech Aircraft (modelo King Air C90A, prefixo PT-ONJ), decolou do aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, por volta das 13h05, com destino à cidade de Caratinga, em Minas Gerais, onde Marília teria um show naquela noite.
A queda ocorreu por volta das 15h30 na zona rural de Piedade de Caratinga, interior de Minas Gerais, quando o avião colidiu com cabos de alta tensão da Cemig e caiu em um curso d’água próximo à BR-474.
Todos os cinco ocupantes morreram instantaneamente devido ao impacto, conforme indicou o laudo do IML: politraumatismo contuso.
Vítimas do Acidente:
- Marília Mendonça, cantora e compositora, 26 anos;
- Henrique “Bahia” Ribeiro, produtor musical e amigo de longa data, 32 anos;
- Abicieli Silveira Dias Filho, tio e assessor da cantora, 43 anos;
- Geraldo Martins de Medeiros Júnior, piloto, 56 anos;
- Tarciso Pessoa Viana, copiloto, 37 anos.
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