
A recente nota de repúdio publicada pela Associação dos Músicos Euclidenses (AME) reacendeu uma discussão que vem ganhando força nos últimos anos: a substituição de bandas e cantores locais por paredões de som nas festas dos povoados de Euclides da Cunha. O tema, que envolve cultura, economia e identidade regional, mobiliza artistas, produtores e parte do público que ainda valoriza a música ao vivo como marca das tradições do município.
Segundo a AME, essa prática tem reduzido drasticamente o espaço de trabalho de dezenas de profissionais que compõem o cenário musical local. A instituição afirma que, ao priorizar paredões em vez de bandas, muitos eventos tradicionais perdem elementos essenciais da cultura popular, como a interação entre artista e público, a estética do show musical e o fortalecimento do repertório regional.
Impacto cultural e perda de identidade
De acordo com a nota, a entidade não se declara contra os paredões. Porém, defende que é preciso equilíbrio e rotatividade, garantindo que as festas preservem suas raízes. Eventos como festas de padroeiro, celebrações comunitárias e encontros populares sempre tiveram, historicamente, a presença de músicos locais, fortalecendo a identidade própria de cada povoado.
A AME afirma que a ausência das bandas nesses espaços provoca o enfraquecimento da cultura popular, diminuindo a circulação de repertórios regionais e reduzindo o reconhecimento dos talentos que surgem no próprio município. Para muitos artistas, tocar nas comunidades é o primeiro passo para conquistar público e consolidar carreira.
Perdas econômicas para os artistas e para o comércio local
Outro ponto reforçado na nota é que investir no músico euclidense significa também investir na economia local. A renda gerada pelos artistas circula dentro do próprio município: bares, lojas de instrumentos, estúdios, gráficas, serviços de transporte e inúmeros outros setores são impactados positivamente.
Com a ascensão dos paredões — que normalmente demandam menos estrutura e, em muitos casos, não envolvem contratação de artistas — essa cadeia econômica se enfraquece, afetando dezenas de profissionais direta e indiretamente.
A AME sustenta que a economia circular gerada pelos artistas locais beneficia toda a população e que a ausência de bandas nas festas dos povoados representa uma perda coletiva, não apenas para músicos.
Necessidade de equilíbrio entre tradição e modernidade
Apesar das críticas, a AME deixa claro que não é contra paredões. Os equipamentos de som atraem público, movimentam festas menores e agradam parte da juventude. Entretanto, a associação defende que paredões e bandas podem conviver, desde que haja uma política de equilíbrio e respeito às características culturais dos eventos.
A proposta apresentada é que cada festa tenha momentos destinados à música ao vivo, preservando tradições, e também espaço para paredões, atendendo às novas demandas do público. Dessa forma, cria-se um ambiente plural que abraça diferentes estilos musicais sem sacrificar a cultura local.
Solicitação ao poder público
Por fim, a AME solicita que o poder público municipal reavalie os critérios de contratação para eventos oficiais. A entidade pede que seja garantido um espaço digno e rotativo para artistas e bandas, favorecendo tanto o desenvolvimento cultural quanto o fortalecimento econômico da própria cidade.
O posicionamento relembra que os músicos fazem parte da história e da construção social de Euclides da Cunha, sendo indispensáveis para que as festas sigam refletindo a identidade do povo.
Cultura se faz com equilíbrio, respeito e valorização
A discussão sobre paredões e bandas locais não é apenas técnica: envolve escolhas sobre que tipo de cultura se deseja fortalecer. A AME conclui que valorizar o artista local é valorizar Euclides da Cunha, reforçando que cultura não é gasto — é investimento.
DA REDAÇÃO DO EUCLIDES DIÁRIO
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