Investigação comercial contra o Brasil promovida pelo governo dos Estados Unidos cita o sistema de transferências instantâneas


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Na recente disputa econômica entre Estados Unidos e Brasil, com o anúncio de Donald Trump de tarifas de 50% contra o nosso país e a promessa de retaliação brasileira, pode sobrar até para o Pix. O sistema de pagamento instantâneo entrou na mira de uma investigação comercial promovida pela Casa Branca.
Segundo o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), o serviço representaria uma concorrência desleal. Para especialistas ouvidos pela Agência Brasil e pelo G1, este posicionamento tem como objetivo defender os interesses de empresas norte-americanas.

EUA enxergam a tecnologia brasileira como uma ameaça
As críticas ao Pix podem ser explicadas pela concorrência com Whatsapp Pay e bandeiras de cartão de crédito dos EUA. Um dos motivos especulados para a medida é de que o Banco Central (BC) teria favorecido o Pix em detrimento do WhatsApp Pay em 2020. Lembrando que o aplicativo é da empresa Meta, de Mark Zuckerberg, aliado de Trump.
O WhatsApp criou uma forma de transferência de dinheiro de pessoas para pessoas, mas estava fazendo isso fora do sistema financeiro legal. Não estava fazendo com integração com o nosso sistema financeiro. Portanto, escapava da regulação do Banco Central, o que fere regras brasileiras de acompanhamento de transações monetárias.
Cristina Helena Mello, economista da PUC-SP

O sistema de pagamentos brasileiros também é considerado uma alternativa ao dólar em algumas transações internacionais, o que desagrada a Casa Branca. Ao mesmo tempo, operadoras de cartão de crédito dos EUA podem se sentir ameaçadas com a nova funcionalidade do “Pix Parcelado”, previsto para começar a funcionar em setembro deste ano.
De uma forma ou de outra, o Pix se tornou um modelo de inovação estatal eficiente, que pode ser replicado por outros países, o que representa uma possível ameaça ao domínio de empresas americanas no mercado global de meios de pagamento.
Pedro Henrique Ramos, diretor-executivo e fundador do RegLab
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Governo garante manutenção do Pix
- Em resposta, o governo Lula iniciou uma análise técnica e política da investigação comercial aberta pelos Estados Unidos contra o país.
- A ideia é deixar claro que o Pix é uma operação consagrada, com ampla aceitação popular e sem previsão de mudanças ou possibilidade de interferência estrangeira.
- E manter um posicionamento firme na defesa de seus sistemas e práticas internas, especialmente no que diz respeito à inovação tecnológica nacional, como é o caso do sistema de transferências instantâneas.
- O governo brasileiro ainda quer demonstrar que está aberto ao diálogo, mas que decisões sobre modelos de pagamento e comércio interno seguirão soberanamente sob a gestão do país.

Colaboração para o Olhar Digital
Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.
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