Na última semana, um episódio polêmico ganhou destaque no cenário político do nordeste baiano. Durante uma sessão da Câmara de Vereadores de Quijingue, o prefeito do município, Romerinho (AVANTE 70), usou o púlpito para atacar diretamente radialistas da cidade vizinha, Euclides da Cunha, chamando-os de “mercenários” e “estelionatários”.
As declarações, consideradas por muitos como ofensivas e descabidas, atingiram nomes conhecidos do rádio regional, como José Mariano Cardoso, atualmente afastado por motivos de saúde, e J. Neto, comunicador da Rádio Cidade FM 91.1, reconhecido pelo tom crítico e combativo de suas falas.
Discurso inflamado e denúncias vagas
O prefeito não detalhou os motivos exatos de sua acusação, mas afirmou que já teria acionado a Justiça contra os comunicadores. No entanto, até o momento, nenhum processo judicial foi tornado público, e não há informações concretas que sustentem os graves termos utilizados por Romerinho.
A atitude do gestor municipal causou forte repercussão entre profissionais da imprensa e levantou preocupações sobre a tentativa de intimidação a vozes críticas na região.
Contexto: ataques à imprensa se acumulam em Euclides da Cunha
Este não é um caso isolado. A liberdade de imprensa em Euclides da Cunha e região tem sido alvo de ataques sistemáticos nos últimos anos. Em 2024, o prefeito Luciano Pinheiro (PDT) processou o radialista Wilson Vitor, além da Rádio Euclides da Cunha FM e outros comunicadores, por danos morais, exigindo também a proibição de novas menções ao seu nome em redes sociais.
A ação judicial, vista por especialistas como uma forma de censura, foi duramente criticada por entidades de defesa da liberdade de expressão e setores da sociedade civil organizada.
Liberdade de expressão em risco no interior baiano
O crescente número de episódios envolvendo perseguição judicial e ataques verbais a jornalistas e radialistas tem alimentado um ambiente de medo e autocensura na imprensa regional. Os profissionais de comunicação da região cobram respeito à Constituição Federal, que garante liberdade de imprensa como direito fundamental.
Para muitos, o episódio recente envolvendo o prefeito de Quijingue é mais um sinal de que o poder político local tem buscado calar vozes críticas ao invés de dialogar com a sociedade.
Conclusão: é preciso garantir um ambiente democrático
Em tempos de polarização e instabilidade institucional, defender a liberdade de imprensa é essencial para preservar a democracia. O que se vê em Euclides da Cunha e municípios vizinhos é o enfraquecimento de um dos pilares da sociedade democrática: o direito à informação e à crítica livre.
As atitudes de líderes públicos como Romerinho devem ser observadas com cautela por órgãos de controle, entidades jornalísticas e a sociedade, sob pena de se instaurar um cenário de repressão e silenciamento.
Confira o Vídeo na Íntegra
Resposta do locutor José Mariano Cardoso
Após as declarações polêmicas do prefeito de Quijingue, Romerinho (AVANTE 70), que acusou radialistas de Euclides da Cunha de serem “mercenários” e “estelionatários”, o comunicador Zé Mariano respondeu duramente às acusações durante participação por áudio no programa Informativo Águia, transmitido pela Rádio Cidade FM 91.1. Mesmo afastado por motivos de saúde, Zé Mariano defendeu sua trajetória profissional, destacando sua atuação desde 1998 e sua formação em uma das melhores escolas de radialismo de Pernambuco. Ele classificou a fala do prefeito como “covarde” e “vil”, e criticou duramente o comportamento do gestor. Além disso, devolveu a acusação, chamando Romerinho de “estelionatário político” e criticou o uso excessivo de recursos públicos em festas enquanto o município enfrenta dificuldades. Ao final, o radialista reforçou que a verdadeira resposta de um gestor público a críticas deve vir com trabalho, não com ataques pessoais.
Locutor J Neto Registra Queixa-Crime
Diante da gravidade das declarações, o radialista Jota Neto compareceu à Delegacia de Polícia Civil de Euclides da Cunha, onde registrou uma queixa-crime contra o prefeito Romero Filho, buscando reparação judicial por calúnia, injúria e difamação.
“Fui chamado de estelionatário e mercenário de forma leviana e injusta. Não se pode tolerar esse tipo de postura por parte de uma autoridade pública.
Nosso trabalho é pautado na verdade e no respeito ao povo. Que a Justiça agora tome as providências necessárias”, declarou Jota Neto após formalizar a denuncia.
DA REDAÇÃO DO EUCLIDES DIÁRIO
*Com informações do Portal Euclidense