O prêmio da Mega da Virada, estimado em cerca de R$ 1 bilhão, é o maior já oferecido na história da loteria. Se aplicado em investimentos conservadores de renda fixa, pode gerar rendimentos mensais significativos, conforme cálculos do planejador financeiro Ivan Vianna, certificado CFP pela Planejar. As simulações consideram uma taxa Selic projetada em torno de 12% ao ano até o fim de 2026, alinhada com as expectativas do mercado financeiro. A aplicação total do prêmio em ativos como Tesouro Selic e CDBs permitiria ao ganhador obter uma renda mensal elevada, preservando o patrimônio principal.

A Mega da Virada ocorre no dia 31 de dezembro e não acumula. Se ninguém acertar as seis dezenas da faixa principal, o prêmio é redistribuído entre os acertadores da Quina e, posteriormente, da Quadra, conforme as regras da Caixa Econômica Federal. Nas simulações, Vianna utilizou um rendimento mensal de 0,5% para a poupança, equivalente a cerca de 6,17% ao ano. Para aplicações ligadas à taxa básica de juros, como Tesouro Selic e CDBs que pagam 100% do CDI, foi considerada uma taxa de 12% ao ano (bruta). Para CDBs de bancos médios, o cálculo partiu de uma remuneração de 110% do CDI, resultando em aproximadamente 11,8% ao ano (brutos). A estimativa para os fundos imobiliários (FIIs) considerou um retorno médio de 0,8% ao mês.

Os rendimentos apresentados são líquidos, com desconto do Imposto de Renda regressivo nos casos de Tesouro Selic e CDBs. A poupança e os FIIs foram considerados isentos de IR para pessoas físicas. As projeções assumem que não haverá retiradas nem novos aportes, mantendo o valor investido integralmente ao longo do período analisado. Diogo Carvalho, da InvestSmart XP, afirma que, mesmo com a expectativa de queda da Selic, atualmente em 15% ao ano, aplicações conservadoras ainda podem gerar renda elevada. Contudo, a redução dos juros tende a diminuir a rentabilidade dos ativos atrelados ao CDI, exigindo uma estratégia de alocação mais diversificada.

Carvalho sugere combinar diferentes classes de ativos para buscar retornos superiores à taxa básica de juros. Para 2026, analistas preveem um cenário macroeconômico mais favorável para a renda variável, já que a queda dos rendimentos da renda fixa pode direcionar investimentos para ativos de maior risco, como ações e fundos imobiliários. Ele destaca que, nos fundos imobiliários, além do potencial de valorização das cotas, há a vantagem da geração de renda mensal isenta de Imposto de Renda para pessoas físicas. O Tesouro IPCA+ é mencionado como uma alternativa relevante para o próximo ano, oferecendo proteção contra a inflação em um ambiente de incerteza fiscal, especialmente em ano eleitoral, quando os gastos públicos costumam aumentar.

Ivan Vianna afirma que é possível viver da renda gerada pelo prêmio sem tocar no valor principal. Ele recomenda saques mensais entre 0,5% e 0,7% do montante investido, o que resultaria em uma renda de aproximadamente R$ 5 milhões a R$ 7 milhões por mês. Esse padrão de retirada permite preservar o patrimônio a longo prazo, mantendo o poder de compra diante da inflação e das oscilações econômicas, além de cobrir um padrão de vida elevado. Vianna ressalta que, se o investidor destinar uma parte menor do patrimônio a ativos de maior risco, como ações ou fundos multimercado, há a possibilidade de obter retornos superiores aos cenários conservadores.

Para reduzir o risco de perdas, especialmente nos primeiros anos após o recebimento do prêmio, Vianna recomenda adotar medidas de proteção patrimonial e planejamento financeiro desde o início. Isso inclui a criação de estruturas jurídicas adequadas, a separação dos recursos destinados ao consumo do patrimônio principal e a evitação de decisões financeiras importantes nos primeiros meses. Ele observa que a falta de educação financeira, a pressão de familiares e amigos, gastos descontrolados e investimentos mal compreendidos são fatores que levam muitos ganhadores de loteria a perder dinheiro rapidamente.

A definição de uma estratégia de renda e o apoio de assessoria especializada ajudam a evitar decisões impulsivas e a preservar o patrimônio a longo prazo. Vianna enfatiza que grandes fortunas exigem uma lógica financeira diferente da maioria das pessoas. O foco deve ser a preservação do patrimônio, a organização da vida financeira, a geração de renda previsível e o planejamento sucessório. Ele conclui que uma grande fortuna mal organizada pode destruir a liberdade, enquanto uma bem organizada garante tranquilidade por gerações.