09 de abril de 2025 | 13:25
Radar do Poder: Bruno Reis firme na caneta, o federal de Carlos Muniz e a ararinha azul da vice-governadoria
Nomeações travadas
O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), mandou o chefe de Gabinete do Palácio Thomé de Souza, Francisco Elde, travar pedidos de nomeações ou colocações solicitados pelos aliados que assumiram cargos de comando no primeiro ou segundo escalões na reforma administrativa. O vereador licenciado e secretário de Inovação e Tecnologia, Alberto Braga (União), por exemplo, tem se queixado de que até hoje não conseguiu empregar na pasta a própria secretária ou o copeiro de confiança.
Perdendo as penas
Os tucanos estão perdendo as penas por impaciência. Eles não conseguem emplacar ninguém na Secretaria da Saúde, nem nos cargos menores. Até agora, o secretário Rodrigo Alves, indicado pelo deputado federal Adolfo Viana (PSDB), só convenceu Bruno a nomear uma diretora, logo no segundo dia em que assumiu o posto, e a subsecretária, que já era funcionária da pasta. Na Transalvador, o novo superintendente Diego Brito, da cota do presidente da Câmara Municipal, Carlos Muniz (PSDB), reclama que mesmo se quisesse trocar alguém da limpeza não conseguiria.
Dedo de Roma
A situação é a mesma em outras estruturas. Novo titular da Secretaria de Ordem Pública, Décio Martins (PDT), ligado ao deputado federal Leo Prates (PDT), segue de mãos atadas no quesito substituições. Segundo uma fonte da Prefeitura, Bruno Reis vai estudar caso a caso os pedidos para avaliar pessoalmente a qualidade das indicações. Um deles diz respeito à troca de comando na inspetoria-geral da Guarda Municipal. O novo diretor de Segurança Urbana, coronel Humberto Sturaro, deve indicar para o cargo Marcelo Ferreira Barbosa, que é próximo do presidente do PL na Bahia, João Roma, no lugar do atual titular Marcelo Silva.
Política hereditária
Bruno Reis aguarda a Polícia Federal liberar oficialmente o agente Anderson Muniz, irmão de Carlos Muniz e que já teve uma rápida passagem como deputado estadual, para nomeá-lo diretor-geral da Codecon, órgão municipal que cuida da defesa do consumidor. O presidente da Câmara não fez outra indicação. Aliás, o comentário no meio político é que o tucano pretende lançar outro parente, desta vez o filho homônimo, um aplicado estudante de medicina, como postulante a uma cadeira na Câmara Federal ou na Assembleia em 2026. Muniz já descartou concorrer.
Janela de oportunidade
Em audiências com vereadores aliados, sobretudo do União Brasil e do PP, Bruno Reis tem dito que a federação entre os dois partidos deve sair do papel até maio, no máximo, caso as conversas sigam evoluindo. E mais: que o “casamento” das duas legendas por quatro anos pode ser uma oportunidade para os edis da base que cogitam concorrer à Assembleia em 2026. Explica-se: em sua avaliação, a tendência é que deputados pepistas insatisfeitos com o movimento, por desejarem apoiar a reeleição do governador Jerônimo Rodrigues (PT), procurem outro destino partidário, abrindo espaço para novas candidaturas.
Promessa de aniversário
Enquanto o União Brasil lançava a candidatura presidencial de Ronaldo Caiado em Salvador, na quinta-feira passada (04), o presidente do PP da Bahia, deputado federal Mário Negromonte Júnior, recebia Jerônimo na residência do município de Glória, no norte do Estado. Lá, em meio à família Negromonte, o governador, que foi inaugurar obras e anunciar novos investimentos na região, comemorou o próprio aniversário com a promessa do deputado de que vai lutar até o fim para que a federação com o partido de ACM Neto não se torne uma realidade.
Rui na comitiva
Como havia especulado a Radar do Poder da semana passada, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), confirmou à coluna que vai acompanhar Jerônimo na agenda de inaugurações, anúncios, visitas e reuniões em Jequié, que começa nesta quinta (10) e só termina no final de semana. Com isso, Rui deve selar a reaproximação com o prefeito do município, Zé Cocá (PP), com quem rompeu de forma ácida em 2022 e que negocia a readesão ao Palácio de Ondina. Resta saber se o deputado federal Antonio Brito (PSD), ferrenho adversário de Cocá, estará na comitiva.
Engrossando as fileiras
Presidente do Solidariedade da Bahia, o deputado estadual Luciano Araújo convidou o colega de Assembleia Vitor Azevedo (PL) para engrossar as fileiras do partido. O mesmo convite já havia sido feito aos deputados estaduais Paulo Câmara (PSDB), Laerte do Vando (Podemos) e Raimundinho da JR (PL) – este último já aceitou e pretende disputar uma cadeira na Câmara Federal em 2026. Entretanto, o deputado estadual Pancadinha tem mantido conversas com um desafeto de Luciano, o ex-vereador de Salvador e ex-Solidariedade Adriano Meirelles, para deixar a legenda.
Fazendo as contas
Luciano Araújo acredita que, se os planos derem certo, o Solidariedade pode eleger de três a quatro deputados estaduais e um federal. Para isso, tem se movimentado no interior para formar a lista de postulantes. Mantém conversas com os ex-prefeitos Dr. Pitágoas (PP), de Candeias, Silva Neto (PDT), de Araci, e Dr. Marcelo (PSDB), de Itamaraju. Além disso, estimula candidaturas de filiados que foram bem nas urnas em 2024, mas não tiveram sucesso, a exemplo de Valdemar da Conect, que ficou em segundo lugar na briga pela Prefeitura de Valença, atingindo 11,5 mil votos.
Caixa de whisky
No balcão de apostas da Assembleia, levaram para casa mais caixas de whisky os parlamentares que apostaram na desistência do deputado Júnior Muniz (PT) da disputa pela 1ª vice-presidência da Casa. Aliás, estes foram maioria. Apenas os mais incautos acreditaram que o petista levaria a disputa até o fim, como prometera. Júnior, que é ligado ao prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT), já tem um forte histórico de blefar para negociar benesses. O que ninguém descobriu ainda é quais foram os temos do acordo entre ele e o líder do governo, Rosemberg Pinto (PT), para que abrisse o caminho para a deputada petista Fátima Nunes ser eleita à mesa diretora.
Everaldo não!
Por falar no líder, Rosemberg Pinto disse, em conversa com a coluna, preferir que o vice-presidente nacional do PT, Everaldo Anunciação, continue no posto e desista da intenção de concorrer à presidência do partido na Bahia. Rosemberg revelou que tinha simpatia pela reeleição do atual comandante da sigla no Estado, Éden Valadares, mas admitiu que o dirigente se inviabilizou porque “errou na condução do partido”, embora não tenha feito isso sozinho, “porque existe toda uma Executiva por trás”. Para ele, Éden, no entanto, deu uma “projeção nacional” ao diretório baiano.
De Carlos para Carlos
Quem se despediu da Assembleia, após mais de 40 anos de Casa, foi Carlos Rocha Machado, que era o secretário-geral da Mesa Diretora. Admirado por todos, Carlinhos vinha enfrentando problemas de saúde por conta das consequências da diabete e também da psoríase. Para o posto, a presidente Ivana Bastos (PSD) convocou o competente Carlos Cavalcante Neto, o Leleto, que exercia, há dez anos, a função de diretor legislativo da Câmara de Salvador. O curioso é que Leleto chegou a ser motorista do falecido Paulo Jackson na Assembleia, onde também já foi office boy.
Ararinha azul
O vice-governador Geraldo Júnior (MDB), o líder sem liderados, ficou uma arara azul com as declarações de Everaldo Anunciação, dadas ao PolíticaPod, podcast deste Política Livre, dizendo que o partido cometeu um equívoco ao apoiá-lo à Prefeitura de Salvador, em 2024, disputa em que terminou em terceiro lugar, atrás do candidato do PSOL, Kleber Rosa, causando um vexame para o governo e destruindo a bancada municipal petista. Cheio de ousadia e ‘razão’, disparou telefonemas para o petista e outras lideranças da legenda, dizendo que merecia mais consideração.
Coordenação da bancada
O deputado Gabriel Nunes (PSD), que está no primeiro mandato na Câmara Federal, tem manifestado aos colegas o desejo de ser o sucessor da deputada federal Lídice da Mata (PSB) na coordenação da bancada baiana no Congresso Nacional. Filho do ex-deputado José Nunes (PSD), ele almeja ser o nome de consenso, ou seja, sem disputa. Há, entretanto, outros parlamentares mais experientes de olho na vaga, a exemplo de Daniel Alves (PCdoB) e Cláudio Cajado (PP). Não há data definida para Lídice deixar o posto, que ocupa há dois anos.
Pitaco
* O novo assistente militar de Geraldo Júnior, Coronel Pacheco, não tem tido sossego. O Capitão Tadeu (PSB), ex-deputado estadual, vem cobrando do PM explicações públicas sobre o uso de diárias.
* Quem abre o sorriso largo (e raro) em Brasília e Salvador a cada nova operação da Overclean é Rui Costa, que completa a alegria com uma frase enigmática na direção dos interlocutores: “Podem esperar que vem mais. Muito mais”.
* Por falar em Overclean, em Brasília, não necessariamente próxima do gabinete de Rui, a mensagem que se dissemina é a de que a operação vai estender-se para o Judiciário baiano, podendo respingar, inclusive, sobre escolhas para o TRE.
* Na contramão do que defendem as principais lideranças petistas, a deputada federal comunista Alice Portugal disse que a Federação Brasil da Esperança, formada por PT, PCdoB e PV, deve ser “ampliada e fortalecida”, e não extinta.
* “A continuidade desse casamento entre os três partidos é importante para a reeleição do presidente Lula e do governador Jerônimo Rodrigues”, disse a parlamentar à coluna. Presidente nacional do PT, o senador Humberto Costa (PE) é a favor do fim da união.
* Três deputados federais da Bahia participaram, no final de semana, da 150ª Assembleia da União Interparlamentar (UIP), que aconteceu no Uzbequistão: Cláudio Cajado (PP), vice-presidente da entidade no Brasil, José Rocha (União) e Jonga Bacelar (PL).
* O deputado Adolfo Menezes (PSD) mantém os mesmos hábitos de quando era presidente da Assembleia. Ao menos uma vez a cada 15 dias, se delicia com o acarajé da baiana do estacionamento da Casa. E faz questão de pagar para todo mundo.
* A deputada Cláudia Oliveira (PSD) apresentou um projeto de resolução, que deve ser votado na semana que vem, para entregar a Comenda Dois de Julho à presidente da Assembleia, Ivana Bastos. Foi mais rápida do que os colegas.
* Já o vereador de Salvador Randerson Leal (Podemos) vai entregar o título de cidadão de Salvador ao próprio pai, o deputado estadual Roberto Carlos (PV), em sessão no próximo dia 15, na Câmara de Salvador. Isso que é legislar em causa familiar.
* O vice-prefeito de Itacaré, professor Zé Washington (PSD), propala que tem mandato meio a meio acertado com o atual prefeito, Nego de Saronga (PT). Segundo Zé Washington, o plano é o petista exercer a chefia do Executivo municipal nos dois primeiros anos e ele, nos dois últimos.
Radar do Poder, a coluna de bastidores do Política Livre