Projeto de Lei 015/2025 é criticado por risco de vício, endividamento da população e possível impacto no comércio local

O prefeito de Quijingue, Romerinho Rocha, apresentou um Projeto de Lei (015/2025) que prevê a criação do serviço público de loteria municipal. A proposta, que pode ser votada em sessão extraordinária ainda hoje, busca permitir a exploração de jogos de azar e apostas como forma de arrecadação para os cofres municipais.
A medida, no entanto, tem gerado grande repercussão negativa, com críticas de especialistas, opositores políticos e parte da população, que veem no projeto riscos sérios para a saúde financeira e social da comunidade.
Críticas e riscos apontados
O texto que acompanha o projeto afirma que os recursos arrecadados seriam destinados ao município, mas entidades jurídicas e órgãos de fiscalização já se manifestaram de forma contrária à ampliação desse tipo de atividade em nível municipal.
A própria Advocacia-Geral da União (AGU) já encaminhou manifestação ao STF, alertando que a expansão de loterias municipais pode intensificar crimes digitais, lavagem de dinheiro e fraudes.
Outro ponto polêmico é que os jogos de azar têm histórico de provocar endividamento, vício e até casos de suicídio, segundo estudos sociais. Críticos apontam que a gestão do prefeito estaria mais preocupada em aumentar a arrecadação do que em proteger a população quijinguense dos efeitos nocivos da medida.
Comércio local em crise
O projeto também chega em um momento delicado para o comércio de Quijingue, que enfrenta baixa circulação de dinheiro, vendas estagnadas e falta de perspectivas de crescimento.
Para comerciantes locais, a instalação de uma loteria municipal poderia agravar ainda mais a situação, desviando recursos das famílias para os jogos e reduzindo ainda mais o poder de compra no comércio da cidade.
Envolvimento político e questionamentos
No projeto, o prefeito divide responsabilidades com a Secretária de Finanças, Gabi Rocha, sua sobrinha, apontada por opositores como sem a estrutura técnica necessária para fiscalizar esse tipo de atividade.
Além disso, a pressa na tramitação do projeto também levanta suspeitas. Segundo informações, o prefeito solicitou ao presidente da Câmara Municipal, vereador Wagner Antônio, a realização de uma sessão extraordinária ainda hoje para votação da proposta.
A situação reacende críticas de que a Câmara estaria atuando de forma submissa ao Executivo e não em defesa dos interesses da população.
Contexto recente da gestão
A polêmica ocorre logo após um São João milionário, que teria custado quase R$ 10 milhões aos cofres municipais, além de recentes processos licitatórios com valores que ultrapassam R$ 25 milhões. Nesse cenário, opositores afirmam que a aposta em jogos de azar seria mais uma tentativa da gestão municipal de gerar receita sem enfrentar os verdadeiros problemas da cidade.
DA REDAÇÃO DO EUCLIDES DIÁRIO
*Com informações do Se Liga Quijingue
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