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STF volta às atividades em meio a ameaças e sanções de Trump

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STF volta às atividades em meio a ameaças e sanções de Trump
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Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e autoridades brasileiras defenderam, nesta sexta-feira (1º/8), o ministro Alexandre de Moraes após as sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos. O presidente da Corte, Roberto Barroso, e Gilmar Mendes saíram em defesa ao colega, assim como o advogado-geral da União do Brasil, Jorge Messias, na sessão de abertura dos trabalhos do Judiciário no segundo semestre.

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Moraes atacou, inicialmente, as articulações feitas por autoridades brasileiras fora do país. “Fartas provas demonstrando auxílio na negociação espúria, vil, traiçoeira, com autoridades estrangeiras para que se pratique atos hostis à economia do Brasil”, reagiu Moraes, classificando como “traição”, com negociação espúria, quem articula contra o Brasil fora do país.

Pela primeira vez, o ministro Moraes criticou os ataques às famílias de ministros. “Ousadia criminosa parece não ter limites”, atacou o ministro. A esposa dele, Viviane Barci de Moraes, acompanha o início dos trabalhos no plenário do STF.

Veja a sessão completa aqui:

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Moraes também garantiu que “o rito processual do STF não se adiantará, não se atrasará”. “O rito irá ignorar as sanções praticadas. Vai ignorar as sanções que foram aplicadas e vai continuar os julgamentos. Sempre de forma colegiada”, completou.

Ao fim da sessão, por volta das 12h, todos os ministros abraçaram Moraes.

Em defesa de Moraes

A sessão começou por volta das 10h20. O presidente da Corte, Roberto Barroso, começou a falar, citando diversos casos de tortura e morte durante a ditadura militar. “O nosso papel aqui do Supremo Tribunal Federal é o de impedir a volta ao passado”, afirmou.

Barroso saiu em defesa de Alexandre de Moraes, alvo de sanções por parte do governo dos Estados Unidos. “Nem todos compreendem os riscos que o país correu. Nós somos um dos poucos casos no mundo em que um tribunal conseguiu evitar um grave ataque à democracia. A democracia tem lugar para todos”, explicou.

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Os ministros do Supremo Tribunal Federal realizam sessão de abertura do segundo semestre do ano Judiciário, na manhã desta sexta-feira (01/8) BRENO ESAKI/EUCLIDES DIÁRIO @BrenoEsakiFoto

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O Presidente do Supremo Tribunal Federal do Brasil Luís Roberto Barroso BRENO ESAKI/EUCLIDES DIÁRIO @BrenoEsakiFoto

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Ministro André Mendonça, durante a sessão BRENO ESAKI/EUCLIDES DIÁRIO @BrenoEsakiFoto

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No STF, ministro Flávio Dino BRENO ESAKI/EUCLIDES DIÁRIO @BrenoEsakiFoto

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Plenário do STF reunido em sessão BRENO ESAKI/EUCLIDES DIÁRIO @BrenoEsakiFoto

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Alexandre de Moraes, que sofreu sanção da Lei Magnitsky do governo dos EUA BRENO ESAKI/EUCLIDES DIÁRIO @BrenoEsakiFoto

“A Primeira Turma tem ações sobre tentativa de golpe. As ações penais estão tramitando com transparência em todas as fases, sessões públicas, acompanhadas pelos advogados, imprensa. Há confissões, vídeos e ouras provas. A marca do Judiciário é a independência e imparcialidade. Todos os réus serão julgados por provas, sem interferências”, acrescentou.

Ainda segundo o ministro Barroso, “o relator das ações, Alexandre de Moraes, atuou com bravura e custas pessoais elevadas. Nem todos compreendem os riscos que o Brasil correu. Somos um dos poucos casos do mundo, um tribuna que conseguiu uma grave erosão democrática, sem nenhum abalo, em meio a muita incompreensão. A democracia tem lugar pra todos.”

O ministro Gilmar Mendes também defendeu Moraes. “Ministro Alexandre tem prestado um serviço fundamental ao Estado brasileiro, demonstrando prudência e assertividade na condução dos procedimentos instaurados para a defesa da democracia”, destacou.

“Por fim, e não menos importante, é imperioso reafirmar a soberania nacional do Brasil. Somos uma nação dotada de um sistema jurídico robusto e independente, construído sobre os pilares da democracia e do Estado de Direito. Ataques à nossa atuação jurisdicional representam não apenas um desrespeito à nossa Corte, mas uma afronta à própria soberania de nosso país”, ressaltou Gilmar.

O advogado-geral da União do Brasil, Jorge Messias, defendeu a soberania nacional. “Brasil é Estado soberano e merece respeito. Não aceitamos que autoridades sejam ameaçadas”, reiterou.

“Julgamento justo”

O governo de Trump anunciou, na quarta-feira (30/7), a aplicação da Lei Magnitsky contra o magistrado. Na mesma data, o STF publicou uma nota em apoio na qual afirma que “não se desviará do seu papel de cumprir a Constituição e as leis do país, que asseguram a todos os envolvidos o devido processo legal e um julgamento justo”. O tom dos pronunciamentos deve ser o mesmo. Ameno e atento às repercussões.

Os ministros Flávio Dino e Gilmar Mendes também usaram as redes sociais para se solidarizar com Moraes. Dino usou trecho bíblico em apoio ao colega. “O homem nobre faz planos nobres, e graças aos seus feitos nobres permanece FIRME”, escreveu. Gilmar, decano do STF afirmou que Moraes tem “prestado serviço fundamental à democracia”.

A aplicação da Magnitsky contra Moraes consta no sistema do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros, que administra e aplica programas de sanções, e também no site do Departamento de Tesouro. A lei é usada para punir estrangeiros acusados de violar direitos humanos. Moraes é o primeiro democrata punido, ante a uma lista de ditadores.


Moraes alvo de sanções

  • Em 30 de julho, o governo dos EUA sancionou Moraes com base na Lei Magnitsky.
  • O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, associou as sanções diretamente a uma suposta “caça às buxas” a Jair Bolsonaro (PL).
  • No dia 21 de maio, Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, disse que existia “grande possibilidade” de Moraes ser alvo da lei.
  • Na prática, as sanções da Lei Magnitsky afetam os alvos principalmente por meios econômicos, como o congelamento de bens e contas bancárias em solo ou instituições norte-americanas.
  • Moraes tem sido acusado de promover censura por meio de ordens judiciais. É alvo de ação judicial apresentada pela plataforma Rumble e a Trump Media desde fevereiro.

Na prática, a Lei Magnitsky afeta os sancionados principalmente por meios econômicos, como o congelamento de bens e contas bancárias em solo ou instituições norte-americanas. De acordo com o governo dos EUA, qualquer empresa ou bem relacionados ao ministro nos EUA estão bloqueados. Cidadãos norte-americanos também estão proibidos de fazer negócios com o ministro.

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