Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF)mostram como funcionava o suposto esquema de desvio de verbas públicas por meio das chamadas emendas Pix. Os diálogos, divulgados pelo Uol, envolvem o empresário Evandro Baldino do Nascimento e Marcelo Chaves Gomes, assessor do deputado federal Félix Mendonça Júnior (PDT-BA). A investigação faz parte da Operação Overclean, que apura fraudes em contratos e pagamentos de propina a prefeitos e parlamentares.

Conversas com códigos e pedidos de dinheiro

Nas mensagens, Evandro e Marcelo usam termos como “caloi”, “platitas”, “laplatina”, “garfo”, “soldas” e “praguinhas” para se referir a dinheiro. De acordo com a reportagem, em vários trechos, Marcelo cobra pagamentos e menciona valores. Em outubro de 2024, ele pede um Pix de R$ 20 mil. Evandro responde que conversariam no dia seguinte.

Em outro trecho, Marcelo fala sobre um “bom negócio” envolvendo a contratação da namorada de Evandro, Patrícia Porfírio, no gabinete de Félix Mendonça. Ela teria sido empregada com salário de R$ 8.100, segundo a PF, como funcionária fantasma. Marcelo calcula que o valor total do contrato chegaria a quase R$ 390 mil.

Repasses e contratos em cidades baianas

Segundo o site, as cidades de Ibipitanga, Boquira e Paratinga aparecem nas conversas. Em Ibipitanga, Marcelo e Evandro discutem o envio de emendas e a contratação da empresa Ativa Projetos e Serviços, ligada a Evandro. Félix Mendonça teria enviado R$ 9,1 milhões em emendas para o município, sendo R$ 4,1 milhões via Pix.

Em Boquira, Evandro avisa ao prefeito Alan França (PSB) sobre uma transferência de R$ 40 mil. Marcelo também cobra o prefeito, dizendo que seu “aniversário foi dia 11/08 e a Caloi não chegou”. A cidade havia recebido R$ 492 mil em emendas para assistência hospitalar.

Em Paratinga, o ex-prefeito Marcel José Carneiro de Carvalho (PT) teria recebido R$ 100 mil em setembro de 2024. O valor foi enviado por um operador financeiro ligado a Evandro, dono de um supermercado que, segundo a PF, “fabricava” dinheiro vivo.

Reuniões e apelidos

Os investigados se referem ao deputado Félix Mendonça como “nosso amigo”, “o homem” e “o chefe”. Em setembro de 2024, datas de supostos pagamentos coincidem com a presença do deputado em Salvador. Em uma conversa, Marcelo diz que “o chefe” queria o avião de Evandro emprestado. Félix usava com frequência o avião de Alex Parente, apontado como um dos líderes do esquema.

Defesa dos citados

Félix Mendonça nega envolvimento e diz que nunca tratou de emendas com Evandro. A defesa de Marcelo afirma que ele é inocente e que as suspeitas serão refutadas. A defesa de Marcel Carneiro também nega irregularidades. A Operação Overclean está sob responsabilidade do ministro Nunes Marques, no Supremo Tribunal Federal (STF). O caso segue em segredo de Justiça.

Fonte: Bnews