O Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT-BA) está adotando uma tecnologia pioneira no Judiciário brasileiro: câmeras 360°, com reconhecimento facial para gravação de audiências. O sistema, que substitui o uso tradicional de três câmeras fixas, capta toda a sala e abre janelas dinâmicas no vídeo, acompanhando automaticamente os movimentos e expressões dos participantes.
A nova ferramenta garante maior precisão no registro das reações e gestos das pessoas durante as sessões. “Antigamente, era necessário ajustar manualmente as câmeras para enquadrar os presentes. Agora, a tecnologia identifica rostos e os acompanha em tempo real. Se alguém se levanta ou senta, a câmera ajusta o foco automaticamente”, explica o responsável pela tecnologia do TRT-BA.
Veja vídeo:
O número de janelas exibidas varia conforme a quantidade de pessoas na sala. Em uma demonstração, o sistema alternou entre sete e oito telas, mas não há um limite pré-definido. “Se mais alguém entrar, uma nova janela é aberta. O objetivo é evitar a perda de informações relevantes para consultas posteriores”, explicou.
Funcionamento da Câmera 360º. Foto: Aline Gama / Bahia Notícias
De acordo com Adriano Bezerra, titular da 1ª Vara do Trabalho e coordenador da Comissão de Atenção Prioritária ao 1º Grau de Jurisdição, a inovação está alinhada com a busca por uma prestação jurisdicional mais ágil e eficiente, priorizando a segurança e o conforto dos envolvidos.
Adriano Bezerra, titular da 1ª Vara do Trabalho. Foto: Aline Gama / Bahia Notícias
Apesar dos benefícios, o magistrado reconhece que mudanças tecnológicas podem gerar resistência inicial. “Qualquer novidade assusta. Alguns podem temer a exposição, mas, com o tempo, as dúvidas são esclarecidas. A tecnologia deve ser usada a favor da sociedade, e essa ferramenta ajuda a assegurar a verdade dos fatos”, destaca. Ele ressalta que a oralidade, característica marcante das audiências trabalhistas, torna o recurso especialmente valioso. “As pessoas não comunicam apenas com palavras, mas com gestos e expressões. Ter acesso a esse conjunto de dados auxilia o juiz a tomar decisões mais embasadas.”
“Justiça tardia não é justiça. Precisamos agir com qualidade, usando a tecnologia como aliada”, conclui Bezerra. A expectativa é que o sistema, já em operação, sirva de modelo para outras unidades do país.
Juíza auxiliar, Clarissa Oliveira, da 9ª Vara do Trabalho. Foto: Aline Gama / Bahia Notícias
A juíza auxiliar, Clarissa Oliveira, da 9ª Vara do Trabalho, afirmou que não há reclamações acerca da câmera, e que as audiências estão ocorrendo sem intercorrência, mesmo após a mudança da sede para a Paralela. “Não tivemos nenhum comentário [negativo], na verdade, praticamente todas as audiências, todo mundo desejou um bom início, acho que as pessoas estão mais curiosas para conhecer o fórum do que o formato da audiência telepresencial, comentou a magistrada.
Questionado sobre como o avanço tecnológico pode contribuir para a celeridade processual, um desembargador do TRT-BA, Jéferson Muricy, destacou os ganhos em qualidade e eficiência. “Sim, nós teremos agora uma audiência com mais qualidade. As câmeras que tínhamos, principalmente nessa época em que fazemos muitos atos telepresenciais, não eram de uma qualidade superior. Agora não. Agora todos podem acompanhar em tempo real, com muito mais qualidade, com muito mais visibilidade, todas as pessoas que estão na audiência e toda a movimentação das pessoas que dela participam. Então isso dá uma nova dimensão às audiências que são realizadas, que são gravadas, inclusive as que são realizadas telepresencialmente”, afirmou.
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