O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (6) que irá impor uma tarifa adicional de 10% a todos os países que se alinharem às “políticas antiamericanas do Brics”. A declaração foi feita por meio de sua plataforma Truth Social, no contexto da retomada de tarifas comerciais que haviam sido suspensas temporariamente desde abril.
“Qualquer país que se alinhe com as políticas antiamericanas do Brics deverá pagar um arancel adicional de 10%. Não haverá exceções a esta política”, escreveu Trump.
A fala foi interpretada como uma resposta direta à cúpula do Brics, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde líderes do bloco criticaram políticas tarifárias unilaterais dos EUA, embora sem mencionar explicitamente Washington. A “Declaração do Rio de Janeiro”, divulgada no encontro, expressou “sérias preocupações com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio”.
O Brics — atualmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Irã, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e outros países parceiros — defendeu ainda reformas em instituições como a ONU, o FMI e o Banco Mundial. As ausências do presidente chinês, Xi Jinping, e do presidente russo, Vladimir Putin (que participou por videoconferência), foram notadas.
Em nova publicação, Trump anunciou que os EUA começarão a enviar, a partir das 12h (horário de Washington) desta segunda-feira (7), cartas formais sobre tarifas e acordos comerciais a governos estrangeiros. “Tenho o prazer de anunciar que as cartas sobre tarifas dos ESTADOS UNIDOS, e/ou acordos com vários países do mundo, serão entregues a partir das 12h do dia 7 de julho”, afirmou.
Segundo ele, o objetivo é pressionar os países a renegociarem acordos antes do fim da suspensão temporária das tarifas elevadas, em vigor desde 2 de abril — data que Trump chamou de “Dia da Libertação”. O prazo de 90 dias termina na quarta-feira (9), e as novas tarifas entrarão em vigor em 1º de agosto.
“Creio que até o dia 9 de julho teremos, com a maioria dos países, uma carta ou um acordo”, declarou Trump a jornalistas em Nova Jersey, antes de embarcar no Air Force One. Ao lado dele, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, afirmou: “Mas o presidente está estabelecendo as taxas e os acordos agora mesmo”.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, negou que se trate de um novo adiamento. “Não é uma nova data-limite. Estamos dizendo quando vai acontecer. Se quiserem acelerar o processo, façam isso. Se quiserem voltar à taxa anterior, é uma decisão deles”, explicou. Ele disse ainda que os EUA estão aplicando “pressão máxima” para fechar acordos. “A União Europeia está indo bem, depois de um começo lento.”
Trump antecipou que entre 12 e 15 países devem receber as cartas nesta segunda. De acordo com sua equipe, já há acordos fechados com o Reino Unido e o Vietnã, e um pacto temporário com a China para reduzir tarifas impostas mutuamente.
Enquanto isso, países como o Japão mantêm cautela. O primeiro-ministro Shigeru Ishiba afirmou no domingo que “não cederá facilmente” nas negociações com Washington.
Diante das críticas feitas pelo Brics, Trump reforçou sua postura de confronto: “Todos os países alinhados às políticas do bloco serão sujeitos a uma tarifa adicional de 10%, sem exceção”, declarou.
Com essa nova etapa de pressão comercial, Trump tenta consolidar acordos bilaterais favoráveis aos EUA e isolar o Brics em um cenário global marcado por tensões, disputas tarifárias e reacomodações estratégicas.
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